quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A Medalha aos Precursores da Républica na Cidade do Porto e a Revolta do 31 de Janeiro de 1891.





A 31 de Janeiro de 1891, os homens de Infantaria 10, Infantaria 18, Caçadores 9 e uma brigada da Guarda Fiscal sublevaram-se na Invicta cidade do Porto contra o estado a que o Estado tinha então chegado.
A fome e a miséria eram o quotidiano não do Porto mas de Portugal, as potências estrangeiras controlavam-nos o comércio e as principais indústrias, a bancarrota era uma ameaça constante e uma realidade castradora…
 
O resto já se sabe. A Revolução Republicana no Porto fracassou, mas ficou para a história como um exemplo de desafio, coragem e patriotismo. Naquele dia a Republica viu em Portugal a sua primeira hora de uma longa noite que tarda em dar lugar ao quente sol da manhã que a 31 de Janeiro e a 5 de Outubro se esperou raiar sobre Portugal.

Foi há 122 anos.

Já repararam por certo que não é uma Medalha da Cruz de Guerra, e que portanto é mais um desvio ao ponto central de estudo que aqui tento trazer. Não obstante é uma condecoração que com ela partilha muitas características phaleristicas comuns.
Ambas nascem para ser outorgadas a militares e civis que pela sua bravura se destacaram em determinado evento glorificante para a Republica e para Portugal, ambas cunhadas em bronze/liga de cobre, ambas partilham as novas cores nacionais na fita de suspensão, ambas carregam o busto da Republica voltado à direita no Anverso, ambas carregam a data de instituição. As comparações são naturalmente feitas com o modelo da MCG 1917.

Esta é a Medalha Comemorativa da Revolução de 31 de Janeiro de 1891, instituída pelo Decreto nº 7.260, de 27 de Janeiro de 1921, publicado no Diário do Governo nº19 na 1ª Série e na Ordem do Exercito nº 1 também na sua 1ª Série ambos no mesmo ano do decreto.


“Sendo de inteira justiça a criação de uma medalha comemorativa da Revolução de 31 de Janeiro de 1891, para ser usada pelos sobreviventes desse movimento, verdadeiros percursores da República, como penhor do verdadeiro e inolvidável apreço dos serviços prestados por esses mesmos combatentes, que, pelos seus actos de dedicado arrojo e espírito de sacrifício, tem jus à gratidão da Pátria e da República:

                Hei por bem decretar, sob proposta do Ministro da Guerra, o seguinte:

                Artigo 1º É criada uma Medalha comemorativa da Revolução de 31 de Janeiro de 1891 na Cidade do Porto, e destinada tanto aos militares como a indivíduos da classe civil que tomaram parte nesse movimento.

                Artigo 2º A medalha será de bronze, tendo numa das faces a efígie da República e as datas de 1891-1921 e na outra a legenda AOS PRECURSORES DA REPÚBLICA NA CIDADE DO PORTO.

                SS único. A medalha será usada no lado direito do peito, pendente de fita de seda bipartida verde e vermelha, sendo a fivela substituída por uma passadeira do mesmo metal em forma de palma de louros com as datas referidas neste artigo. Com o trajo civil poder-se há fazer uso de uma roseta de 16 mm de diâmetro da cor da fita, tendo sobreposta uma palma igual à já descrita e de menores dimensões.

O Ministro da Guerra o faça publicar – Paços do Governo da República, 27 de Janeiro de 1921. – ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA – Álvaro Xavier de Castro”.

Assim por este Decreto nasce 30 anos depois do levantamento militar do Porto a medalha que lembra não só este momento mas também e principalmente os que nela se fizeram notar.
Até 1926, foram outorgadas a veteranos civis e militares 177 condecorações.

Além destes, foram ainda concedidas a titulo colectivo duas medalhas, uma à Cidade do Porto e outra à 3ª Brigada da Guarda Fiscal que na Proclamação da Republica de 1891 se fez notar.
Desta última, transcrevo o diploma que a confere:

"Decreto de 14 de Janeiro de 1922:

Tendo em consideração os actos de arrojada decisão e inexcedível fé republicana com que no Batalhão n.º 3 da Guarda Fiscal se assinalou o movimento revolucionário de 31 de Janeiro de 1891:

Hei por bem decretar, sob proposta do Ministro da Guerra, que seja conferida ao Batalhão n.º 3 da guarda fiscal a medalha de bronze, comemorativa da revolução de 31 de Janeiro de 1891, criada pelo decreto n.º 7 260, de 27 de Janeiro de 1921.

 António José de Almeida – Fernando Augusto Freiria (Ministro da Guerra). ”

Fica então aqui a minha lembrança deste dia e destes homens e mulheres, conhecidos ou anónimos, que com sangue, armas e palavras fizeram o sonho e a história de Portugal e dos Portugueses.


-Melo, Olímpio de; 1922; Ordens Militares Portuguesas e outras condecorações – Lisboa; Imprensa Nacional de Lisboa.

-Estrela, Paulo Jorge; 2010; As Revoluções Republicanas na Faleristica Nacional – Lusíada Série II, nº7; Lisboa; Universidade Lusíada Editora.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Major-General Jaime Neves, Cruz de Guerra de 1ª Classe

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Foi hoje a enterrar o Major-General Jaime Neves.

Jaime Alberto Gonçalves das Neves, 1936/2013, faleceu neste passado fim-de-semana no Hospital Militar da Estrela, vítima de complicações respiratórias.
Por ser um oficial de grande prestigio junto daqueles que com ele serviram e, por ter sido condecorado com a Medalha da Cruz de Guerra, é-lhe neste Blog devida uma nota de lembrança.



Em baixo:
Insígnia da Medalha da Cruz de Guerra de 1949, 1ª classe, igual à que nesta fotografia ostenta o então capitão Jaime Neves.
Não em prata dourada como preferia a lei que a regulava, mas sim em latão ou cobre dourado, faz uso de uma bonita miniatura de classe, essa sim em prata dourada, muito ao estilo da de 1917.
Quando a comprei, a fita estava rasgada, suja e presa por quatro ou cinco linhas de fio. Decidi substitui-la.



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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Medalha da Cruz de Guerra de 1917 1ª Classe




Que melhor forma de aqui trazer uma Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe de 1917, se não consagrá-la a todos os que há quase um século caíram na Flandres, no Mar e em África, para que nós aqui pudéssemos estar?

Este Blogue surge primeiro como forma de partilhar a minha colecção; posteriormente, quase em simultâneo, como forma de adquirir e publicar conhecimento sobre ela; e hoje algum tempo volvido sobre o seu aparecimento, sou diariamente ultrapassado pelo crescimento de uma e de outro sem que aqui vos consiga dar actualizada nota disso.


A Insígnia:

Esta foi a minha primeira de algumas Medalhas da Cruz de Guerra de 1ª Classe de 1917. Ainda não vos tinha trazido nenhuma, e entre as que tenho, decidi trazer a 1ª que adquiri.

Apesar de alguma falta de uniformidade na coloração deste exemplar, a Patina está em franco bom estado, sem apresentar pontos de corrosão ou desgaste sério.
A fita, de cinco raios verdes, está em muito bom estado, assim como os pontos de costura que a unem no reverso.
A miniatura de classe divide-se entre a Coroa de Louros que está, quer na coloração quer na integridade, em excelente estado, e, a miniatura da Cruz que apresenta uma semelhante qualidade de coloração mas uma pequena “dentada de cunho” no braço direito.





“Longe, muito longe do céu azul de Portugal, dos montes verdejantes ou das fartas campinas das suas províncias, descansam pois, nos ásperos climas da Flandres, os nossos Mortos da Grande Guerra.
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Ó Mães de Portugal, mulheres de uma só fé, que do Norte ao Sul educais os vossos filhos nas heróicas tradições da nossa raça, ensinai a amar essa humilde figura de soldado que sustentou em África e na Flandres as mais rudes pelejas, porque assim, perante a Ingratidão Humana, conseguireis depor, no eterno Pantheon da Memória dos vossos filhos, o cadáver de “João Ninguém”, esse “Soldado Desconhecido” de uma grande nação desconhecida.”

Imagem e palavras finais do Livro “João Ninguém, Soldado da Grande Guerra, impressões humorísticas do CEP” do Capitão Menezes Ferreira.

Também este Livro pela sua intrínseca ligação à Medalha que aqui estudamos, terá direito a um futuro artigo.




terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A hierárquia e ordem de precedência da medalha militar, a Cruz de Guerra e a 1ª Republica 1921


No seguimento do artigo " A hierárquia e ordem de precedência da medalha militar, a Cruz de Guerra e a 1ª Republica 1919 " de 23 de Março de 2012, fica aqui este Decreto de 1921 que lhe serviu de adenda introduzindo a medalha infra-referida, mantendo a Medalha da Cruz de Guerra como a segunda mais alta condecoração Portuguesa.


"Decreto nº 7:721, 4 de Outubro de 1921

 

Alterando o regulamento das Ordens. Ordem do Exército n.º 10, 1.ª série.Considerando que no Regulamento das Ordens Militares Portuguesas, aprovado por Decreto de 8 de Novembro 1919, não figura a Medalha de Filantropia e Caridade do Instituto de Socorros a Náufragos a que se refere o Decreto de 6 de Novembro de 1914;

Considerando que pelo disposto no ss único do Art.º 23.º do Regulamento dos Serviços de Socorros a Náufragos aprovado por aquele Decreto, a referida Medalha é considerada oficial e nele se determina que a mesma deve ser usada do lado direito do peito:

Hei por bem decretar, sob proposta do Ministro da Guerra que o ss 2.º do Art.º 32.º do Regulamento das Ordens Militares Portuguesas passe a ter a redacção seguinte:

ss 2.º As medalhas comemorativas das campanhas do exército português, as de mérito, filantropia e de generosidade, as de filantropia e caridade e as de bons serviços no ultramar, usam-se do lado direito do peito, da esquerda para a direita, pela ordem acima mencionada."







Aproveito para dar alguns exemplos de outras condecorações nacionais que poderiam seguir-se na fila da direita, naturalmente, antes das condecorações estrangeiras, ou à nossa esquerda quando indicadas por lei:
-Medalha dos Socorros a Náufragos, de notar que usará durante os seus primeiros anos enquanto medalha republicana a mesma fita que a medalha das campanhas do exército português; 
-Distintivo de Promoção por Distinsão em Campanha, até 1946/49 sem medalha, usando só o agraciado a fita simples. Fundada a 2/12/1919, pelo decreto n.º 6264.
- Distintivo de Mutilados e Estropiados de Guerra, usada nas mesmas condições que a de cima. Fundada a 5/10/1919 pelo decreto n.º 4886.
- Medalha comemorativa do 30º aniversário da revolução do 31 de Janeiro de 1891.
-Medalha comemorativa da revolução do 5 de Outubro de 1910 instituída pela Câmara Municipal de Lisboa.




Fica aqui também uma palavra de FIRME critica e repudio à Google, que deu mais um passo na "bisbilhotice de bairro" a que nos tem vindo a habituar, obrigando-me agora a ter que carregar as imagens para este nosso Blog via "álbuns web picasa". Com este passo, o que antes era simples, é agora complicado. Forjando falsas dificuldades técnicas, deram-me como única opção fazer o "upload" das imagens via "porta do cavalo", ao invés de o fazer directamente deste Blog acedendo às minhas imagens no meu PC. Enfim, encontraram mais uma forma de me vincular à Google, arrancando-me mais dados pessoais.
Não fosse o gosto pela História, pela Medalha da Cruz de Guerra, e pelos nossos leitores, e a Google tinha a partir de já, menos um assinante.A todos um bom ano de 2013, dentro das esperadas dificuldades que nos têm posto à frente. Saibamos todos, com coragem e determinação ultrapassa-las.