domingo, 4 de janeiro de 2015

Capitão Henrique Alves de Ataíde Pimenta: Herói da Cruz de Guerra



Filho de Porfírio Arsénio de Ataíde Pimenta e de Joaquina Maria dos Santos Pimenta, nasceu na cidade de Lisboa na muito antiga Freguesia de Santo André, mais tarde Freguesia da Graça e actualmente Freguesia de São Vicente, a 15 de Fevereiro de 1875.

A Campanha dos Cuamatos;

Destacado Oficial de Infantaria, segue em 1906 para o Sul de Angola sob o comando de Alves Roçadas a fim de pacificar a região Portuguesa do Ovampo, habitada pelos Cuamatos que devido à influência Alemã se tinham rebelado contra a presença Portuguesa.
Em 1907 está presente na defesa do “Forte Roçadas” situo na margem direita do Rio Cunene, tendo sido um dos notáveis do combate de Mufilo a 27 de Agosto desse mesmo ano.
Na sequencia desta vitória, participou na ocupação de Embala e de Nalueque, tendo assim contribuído para a derrota das pretensões Alemãs no Baixo Cunene, jugulação da revolta e ocupação do território dos Cuamatos.

A Pacificação da Guiné Portuguesa;

Em 1912, já na Guiné Portuguesa, mergulhada em revoltas que em muito molestavam a soberania Portuguesa na Província, integra uma Coluna destinada a Oxinhame, tendo pouco depois comandado uma força que travou batalha contra os Balantas em Binhome, ao mesmo tempo que outra coluna se batia em Jobel e Elia contra os Baiotes.
Em Mansôa e no Oio, foi um dos oficiais responsáveis pelo levantamento, fortificação e abastecimento de aquartelamentos que asseguravam a permanência Portuguesa na região.

Expedicionário a Moçambique;

Em 1916, o Capitão de Infantaria 10, estava adido ao 6º Grupo de Metralhadoras no comando da sua 3ª Bateria.
Em 1917 parte para Moçambique integrado na 4ª Força Expedicionária à Província, comandada pelo Coronel Sousa Rosa num total aproximado de 5300 homens.
Por lá permanece até à rendição Alemã, não antes sem passar pela rigorosa e difícil experiencia que era o combate as tropas do General Paul Emil Von Lettow-Vorbeck.

Em 1918 foi transferido para a Guarda Fiscal, não tendo o autor conseguido apurar se nesta força prestou serviço nas Colonias ou no Continente Europeu.

O Capitão do Estado Maior de Infantaria Henrique Alves de Ataíde Pimenta mereceu as seguintes condecorações:

- Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe
- Medalha de Valor Militar grau Ouro
- Medalha de Bons Serviços, grau Prata
- Oficial da Ordem Militar de Aviz
- Medalha Comportamento Exemplar, grau Prata
- Medalha de Serviços Distintos no Ultramar, grau Prata
- Medalha das Campanhas no Ultramar “D. Amélia” Cuamato 1907
- Medalha das Campanhas do Exército Português

- Medalha da Vitória


A Todos faço votos de um Bom ano de 2015!

sábado, 17 de maio de 2014

Capitão de Mar e Guerra Quirino da Fonseca, Herói da Cruz de Guerra






Nascido na cidade do Funchal, a 4 de Junho de 1868, cedo vem para Lisboa tirar o curso no Instituto Industrial e Comercial, tendo terminado os estudos em 1888, ano em que ingressa na Escola Naval.
Em 1893, fruto das disputas territoriais em África, integra a Divisão Naval do Atlântico Sul, onde presta serviço como Imediato do Transporte “Salvador Correia” e secretário do Governador do Distrito do Congo em Angola, chegando em 1897 a comandante da Canhoneira Cacongo. Depois de ter assumido por algum tempo o cargo de Ajudante-de-Campo do Governador-Geral da Província, em 1901 volta ao mar, desta feita ao comando da Corveta Bartolomeu Dias e depois da Canhoneira Liberal.

Em 1915, já na Metrópole, é Oficial-Imediato do mítico Cruzador Adamastor, que zarpa para Moçambique, onde depois da declaração formal de Guerra pela Alemanha a Portugal em 1916, assume vital importância no aprisionamento dos navios Alemães em portos da Província de Moçambique, acabando por entrar em combate na Foz do Rovuma, rio que tanto sacrifício e heroicidade trouxe aos militares Portugueses.

É aqui, no Rovuma, que nos dias 21, 23 e 27 de Maio, à frente de uma força desembarcada, pela “Decisão, coragem, espirito de sacrifício que mostrou durante as operações dos dias supra referidos” recebe a Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe. Tinha então 48 anos de idade.

Depois de um breve retorno a Lisboa onde presta serviço na Direcção Geral de Marinha,  volta a Moçambique em Maio de 1918 como voluntário, no vice-comando do Batalhão Expedicionário de Marinha, unidade que muito se distingue na fase final da Grande Guerra na referida Província.

Terminada a Guerra, volta a Portugal onde exerce várias funções administrativas, sendo novamente posto ao Comando do Cruzador Republica, afecto à Divisão Naval Colonial, fazendo o périplo pelas províncias Africanas entre 1924 e 1925.

Notável intelectual, e homem de cultura, é nomeado em 1937 Director do Museu Naval e da Biblioteca Central da Armada.
Historiador, Arqueólogo, Filologista e escritor do período de ouro da Armada Portuguesa, os Seculos XV e XVI, distinguir-se-á ao longo da sua vida tanto nas armas como nas letras, mostrando que para a construção da identidade Nacional, é por vezes tão útil a espada como a pena.
Entre as muitas condecorações nacionais que recebeu, destaca-se mais uma de 1ª Classe, as Palmas Académicas de 1ª Classe de Altos Estudos pela Academia de Ciências de Lisboa.

Virá a falecer em Lisboa, capital de um Império que tão bem conheceu, defendeu e estudou, a 6 de Junho de 1939, dois dias depois de ter completado 71 anos.


É por inteiro merecimento, Patrono do Curso da Escola Naval iniciado em finais de 2013.



Fotografia e dados biográficos retirados da Revista da Armada.


quarta-feira, 5 de março de 2014

Conjunto Angola 1969-70-71; Medalha da Cruz de Guerra de 2ª Classe






Foram milhares aqueles que abdicando da sua juventude, partiram para Angola ao serviço da Pátria nos anos de 1969, 1970 e 1971. Destes, a maioria foi empregue no Norte da Província Ultramarina, onde a campanha e a peleja eram de maior rigor. Muitos foram também os que por feitos de Heroicidade e Humanidade mereceram as mais altas distinções militares, passando naturalmente pelas centenas de Medalhas da Cruz de Guerra que por lá se mereceram.

Ainda hoje na cabeça de muitos Portugueses soam como trovões os nomes de Santo António do Zaire; Noqui; Cuimba; Maquela; Luvaca; São Salvador; Ambriz; Carmona; Quitexe; Negaje; Cangola; Camabatela; Quimbele; Zala; Songo; Mucaba e claro, Nambuangongo!

Depois de um final de semana onde Veteranos do Ultramar reclamaram junto do “Governo” maior dignidade e respeito no tratamento que lhes é devido e merecido, decidi trazer aqui um conjunto de três condecorações outorgadas a um desses valentes que por Angola nos anos de 1969/71 bateu picadas e abriu trilhos.

Dos primeiros conjuntos relacionados com o Ultramar que adquiri, é mais um que muito me agrada. (Ainda estou e estará o leitor mais atento, para ver qual dos conjuntos na minha colecção ou fora dela que ostentando uma MCG, não me agradará!)


Conjunto simples composto por três condecorações todas do modelo regulamentar de 1949, e todas obedecendo à legislação em vigor à época com excepção da MCG.



E é por ela que começamos; Medalha da Cruz de Guerra de 1949, no seu cunho mais belo e pesado, tem uma fita raiada de verde-claro lima, tendo ao centro a miniatura de segunda-classe em metal doirado.
A insígnia, contrariamente ao disposto na lei e de acordo com o metal da miniatura de classe, não é doirada mas sim cunhada em cobre e patinada de castanho.
Em minha opinião, trata-se de mais uma “argolada” cometida pelos fabricantes de condecorações que por sua iniciativa ou pedido expresso das autoridades ignorando a legislação, faziam de tudo um pouco para reduzirem despesas de fabrico nos últimos anos da Guerra em África.
Poderá também dar-se o caso da condecoração ter sido atribuída depois de Dezembro de 1971 já com nova legislação em vigor, que repunha o bronze castanho como metal de insígnia para todas as quatro classes, mantendo a venera de 49, uma vez que o verso do desenho se mantinha inalterado.

Mas tendo mais a acreditar na primeira hipótese, uma vez que é muito comum vermos este cunho da MCG quase sempre patinado de castanho em qualquer das quatro classes, muito antes de 1971.


A segunda Medalha é a Medalha Militar na sua classe de Comportamento Exemplar; Cunhada também em cobre patinado de castanho, apresenta uma muito ligeira e pontual oxidação no interior da esfera armilar.
Carrega fivela aberta ou vazada, cunhada no mesmo metal e patinada da mesma cor.


Por último a Medalha das Campanhas do Exército Português; Oficialmente denominada pelo regulamento de 1949 como: Medalha das Expedições e Campanhas das Tropas Portuguesas, é cunhada também em cobre mas desta vez banhado a Prata.
Carrega fivela fechada com a legenda : Angola 1969-70-71.





Deste Blog parte para TODOS os Veteranos da Guerra do Ultramar, particularmente aos que maior privação passam, um forte sentimento de solidariedade, amizade e profunda admiração.

Dignidade e Honra aos Nossos Veteranos! Viva Portugal!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

General Piloto-Aviador Luis Araújo; Herói da Cruz de Guerra






Neste dia 6 de Fevereiro, cessou funções o Sr. General Piloto-Aviador Luís Evangelista Esteves de Araújo, Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas.
Nascido na cidade do Porto aos 25 dias do segundo mês do ano de 1949, ingressou na Academia Militar em 1966 para concluir o curso de Aeronáutica em 1971.
 Entre Outubro de 1972 e o mesmo mês de 1974 sobrevoou durante 1000 Horas o Norte de Moçambique ao comando do mítico Alouette III, tendo feito nele toda a sua comissão de serviço no Ultramar.
 
Uma carreira exemplar e longa que culmina agora depois de em Fevereiro de 2011 ter assumido a chefia do EMGFA.

Do seu conjunto de condecorações destaca-se naturalmente a Medalha da Cruz de Guerra de 2ª classe, que lhe foi atribuída em 1977, quando era ainda um jovem Tenente Piloto-Aviador.

É precisamente por ser um dos muitos Heróis da Cruz de Guerra, que faz sentido neste espaço dedicar ao Sr. General um a palavra de apreço e reconhecimento pelos serviços que prestou à pátria no Ultramar e na chefia do EMGFA.

Por último observar que são cada vez menos os militares no activo, condecorados com uma das quatro Classes da Cruz de Guerra, e poder ter tido um General CEMGFA que a ostentava orgulhosamente foi para o autor desta página um gosto. Não será por certo uma situação que se venha a repetir nas próximas décadas. 

Fotos: Presidência da Republica; Força Aérea Portuguesa.











sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Condecorações Colectivas (parte 2ª)







Em 1943 dá-se uma reestruturação das unidades militares do Exército, particularmente nas suas nomenclaturas e honrarias.
A portaria 10:480 lista de forma integral todas as unidades do Exército, todas as suas legendas e títulos de batalha (exemplo Buçaco 1810, França 1917/1918) e naturalmente as condecorações conferidas a todas as unidades, com particular destaque para a Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe, das quais aqui darei nota individual.*
Esta portaria tem significado valor histórico porque nos dá a conhecer a totalidade(?) das unidades condecoradas com a MCG de 1917.


* Darei nota apenas das Unidades condecoradas com a MCG e do numero de MCG que cada unidade recebeu, não fazendo menção de outras condecorações conferidas ao estandarte das mesmas.
Todas as MCG conferidas a Estandarte são de 1ª classe, conforme legislação.

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Portaria 10:480 que “Designa as unidades da actual organização do Exército que devem ser consideradas legitimas herdeiras das tradições e da história militar dos corpos de tropas das organizações anteriores.” publicada em Diário do Governo de dia Sábado 4 de Setembro de 1943.

Ponto 3;

Regimento de Infantaria Nº3 - Duas (2) Medalhas da Cruz de Guerra
Regimento de Infantaria Nº8 – Três (3) Medalhas da Cruz de Guerra
Regimento de Infantaria Nº12 – Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Regimento de Infantaria Nº13 – Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Regimento de Infantaria Nº14 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra

Batalhão de Caçadores Nº1 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Batalhão de Caçadores Nº2 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Batalhão de Caçadores Nº3 - Duas (2) Medalhas da Cruz de Guerra
Batalhão de Caçadores Nº7 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Batalhão de Caçadores Nº9 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra

Batalhão de Metralhadoras Nº1 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Batalhão de Metralhadoras Nº2 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Batalhão de Metralhadoras Nº3 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra

Regimento de Artilharia Ligeira Nº1- Duas (2) Medalhas da Cruz de Guerra
Regimento de Artilharia Ligeira Nº2- Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Regimento de Artilharia Ligeira (Montanha) Nº5 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra

Grupo Independente de Artilharia de Montanha – Duas (2) Medalhas da Cruz de Guerra
Grupo de Artilharia contra Aeronaves – Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra

Regimento de Artilharia Pesada Nº 1 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Regimento de Artilharia Pesada Nº2 – Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra

Regimento de Cavalaria Nº4 – Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Regimento de Cavalaria Nº6 – Duas (2) Medalhas da Cruz de Guerra

Regimento de Engenharia Nº1 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra
Regimento de Engenharia Nº2 - Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra

Comando Geral da Aeronáutica – Uma (1) Medalha da Cruz de Guerra*


*”Ponto 4- O comando Geral da Aeronáutica terá direito a Bandeira privativa, que ostentará a gravata da Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe, concedida à esquadrilha inicial de aviação por feitos distintos em combate verificados em França durante a Guerra de 14/18.”

Em 1943 o Exército Português detinha na sua orgânica vinte e cinco (25) unidades condecoradas com uma ou mais Medalhas da Cruz de Guerra.

Em cima: Cerimónia não identificada do RI 13, onde é bem visível o seu Estandarte e o seu Laço da Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe; década de 40/50; Livro do RI 13.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Boas Festas




A todos faço votos que em família, amizade e carinho, passem estas Festas de Natal.
 
 
 
 
 
 


A imagem parte de um original do Capitão Menezes Ferreira, para o seu livro "João Ninguém; Soldado da Grande Guerra; Impressões Humorísticas do CEP."
Obra muito do meu agrado, vai sendo recorrentemente usada neste vosso espaço. A imagem foi alterada a meu gosto e de forma a ilustrar bem a Quadra.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Laço da Cruz de Guerra de 1ª Classe para Estandarte. Condecorações Colectivas (parte 1ª)





               Pelo decreto 8:357 de 31 de Agosto de 1922, que “Aprova e manda por em execução o regulamento das Ordens Militares Portuguesas”, dá-se cumprimento a uma necessidade legislativa que estava em falta desde 1917: a de legislar sobre a forma de atribuir condecoração colectiva, por feitos de armas, a bandeira ou estandarte regimental e também aos seus militares.


Aquando da promulgação do segundo decreto referente à Medalha da Cruz de Guerra (nº3:259), que regula a sua concessão, fez-se menção desta valência da condecoração, mas nada se acrescentou até 1922.

“ Decreto nº3:259, no número único do seu 2º artigo: A Cruz de Guerra de 1ª Classe pode ser conferia à bandeira ou estandarte das unidades que hajam praticado feitos de armas de excepcional valor.”

                 
Assim diz o artigo que criando o laço para Estandarte da Medalha da Cruz de Guerra de 1ª classe, enobrece e engrandece a História e Valor desta condecoração.

 Decreto 8:357

“Artigo 41- As unidades às quais houver sido conferida a medalha de ouro de Valor Militar (Feito heróico em campanha), a 1ª Classe da Cruz de Guerra (feito de armas de excepcional valor em campanha) ou qualquer grau da Torre e Espada (altos feitos em campanha, ou actos e assinalados serviços à Humanidade, à Pátria e á Republica), usarão sobre o laça da bandeira ou estandarte outro laço de fita de sêda da cor da condecoração de 0m,1 de largura, franjada de ouro, tendo bordada numa das pontas: para a Cruz de Guerra a respectiva palma, para a Torre e Espada a respectiva insígnia.
Este laço repetir-se há por cada vez que a unidade seja condecorada.

Artigo 42 – A concessão das medalhas de Valor Militar, Cruz de Guerra e Ordem da Torre e Espada, por feitos ou serviços relevantes em campanha contra países estrangeiros ou em campanhas coloniais, importa para os militares que tomaram parte naquele feito ou serviço, fazendo parte do efectivo da unidade, formação ou fracção, o uso de um distintivo especial.

Este distintivo, usado com todos os uniformes, será constituído por dois cordões encadeados, de 0m,004 de diâmetro com as cores da fita da condecoração, tendo respectivamente 0m,40 e 0m,60 de comprimento e que se usarão suspensos da platina direita, passando o mais comprido por baixo do braço e indo ambos prender na abotoadura do dólman.

        
Os cordões serão terminados por duas agulhas de 0m,06 de comprimento.
Os cordões e agulhetas serão respectivamente a seda e prata e dourada para os oficiais e algodão e cobre para os praças.

₴ único. Aos militares nas condições deste artigo será feito o respectivo averbamento nos seus registos de matrícula, sem o que não poderão usar o respectivo distintivo.”

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Constatando que este Decreto trata de uma penada só a questão da condecoração colectiva (que podemos dividir entre condecoração colectiva para Estandarte, vulgo Laço, e condecoração colectiva para uso individual, vulgo cordões ou fourragére), é imperioso dar aviso que este artigo apenas influi sobre o Laço para Estandarte, na sua legislação e estética, deixando para outra altura a condecoração colectiva para uso individual.

As variações encontradas nos diversos modelos de Laço da Medalha da Cruz de Guerra são tantas, que ultrapassam em larga medida as variações encontradas nas insígnias cunhadas e transmutações possíveis de obter com diferentes fitas e miniaturas de classe, tornando-se, assim, muito difícil encontrar dois Laços iguais. Ao contrário das medalhas, não são produzidos mecanicamente e em número significativo, apesar das numerosas unidades condecoradas e de todos os Laços de substituição ou duplicados que estas unidades requereram e requerem.

A justificação imediata para a enorme disparidade estética na execução dos Laços prende-se à extrema dependência da execução manual destas Insígnias, ao critério que cada casa de condecorações ou de artigos militares adopta para a sua execução e à natural condicionante de recursos financeiros e materiais disponíveis.

Variações documentadas no Laço da Cruz de Guerra:

 - Na Forma:

Os laços variam no tamanho, não havendo qualquer modelo padrão a seguir. Uns muito “armados” e rígidos, outros muito leves e caídos (depende da qualidade da fita e da presença ou não de arame na armação superior do laço). Uns com abas largas e fita pendente longa, outros com abas curtas e fita pendente não muito maior.
             
Outros existem que não respeitam a forma de laço. Compreendem, apenas, duas fitas da Cruz de Guerra, com 10cm de largo, caídas, atadas no topo e presas à lança de Estandarte.
              
Deste último modelo resta-me apurar, junto dos exemplares documentados, o motivo de se encontrarem assim, se por confecção, se por desaparecimento do laço do Laço.

- Na Fita:

Garante quase sempre a largura legislada de 10cm mas varia, tal como a fita da medalha, no número de listas verdes (entre 5 a 7) que raiam o vermelho predominante. A fita é regra geral tecida de uma só vez, existindo, no entanto, peças em que as listas verdes estão cozidas a uma echarpe de seda vermelha. O verde varia entre o amarelo esverdeado, o verde alface e o verde marinho.

 - Na insígnia: Em metal ou bordada:

- Em metal, se for uma medalha saída de um dos muitos cunhos existentes, quer seja no modelo de 1917, no de 1949 ou 1971. Pode estar em forma de medalha simples ou, mais recentemente, com os louros, ou seja, a mesma insígnia que a gravata de 1ª classe no modelo de 1971. É geralmente doirada, embora a cor predominante nos exemplares conhecidos de 1917 seja o normal castanho bronze. Ainda em metal surgem diversas peças estilizadas, que não são medalhas, ainda assim muito trabalhadas, mas sem grande detalhe, cunhadas ou gravadas e trabalhadas à mão. Estas últimas variam no tamanho, sendo quase sempre de menor dimensão que as insígnias originais.

            
- Bordadas, se for uma insígnia lavrada em fio metálico ou simples, manualmente. Pode, como nos modelos mais recentes, sensivelmente desde o início da Guerra do Ultramar, ser uma cópia exacta em aspecto e dimensão da medalha real, ao contrário do que acontecia anteriormente nos laços, em cujas Cruzes eram bordadas de forma muito simples, sem grande detalhe ou volume (salvo raras e belas excepções).


-Franjas:

Em canutilhos de metal dourado ou amarelo, variando na espessura e comprimento, em lã, algodão ou outro tecido entrelaçado em forma de corda, variando também na espessura e comprimento.

 -Atilhos:

O Atilho é a tira de tecido que prende o Laço à lança do Estandarte. Pode ter muitas e variadas formas. Pode, nos exemplares mais ricos, ser a fita da Cruz de Guerra com os regulamentados 3cm de largo, ou a sua miniatura. Pode ser uma fita de seda negra, vermelha, verde ou azul, de variada largura. Pode, por fim, ser um simples cordão escuro.

Em alguns modelos dos Laços existentes é comum, independentemente da variação estética deste e do período de concessão, encontrarmos uma medalha de 1ª classe completa, cozida numa das duas fitas pendentes ou no “nó” que prende o laço do Laço.

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A imagem que abre este artigo é um Laço para Estandarte Regimental, que orgulhosamente faz há algum tempo parte da minha colecção, esquecido algumas décadas numa antiga butique de artigos militares, foi em boa hora resgatado, pouco tempo antes do desaparecimento da loja.
              Com sete listas verdes e não cinco, em seda moiré, creio tratar-se dos primeiros lotes de fita a chegar a Portugal para este efeito. Não tendo qualquer insígnia bordada, ostenta, no entanto, uma Cruz de Guerra do Modelo de 1949 em metal amarelo, sem palma.
              A franja em lã dourada é entrelaçada em forma de corda curta, não ficando a dever, em qualidade, aos canutilhos metálicos. Por fim, o atilho em seda vermelha remata e sustenta toda a peça.

 Na foto que fecha o artigo, o Sr. Almirante Américo Thomaz condecora o 7º Destacamento de Fuzileiros, na Praça do Comércio/Terreiro do Paço nas cerimónias do 10 de Junho de 1969.





Um fraterno agradecimento ao Dr. Humberto Nuno de Oliveira, presidente da AFP que me auxiliou na identificação da unidade condecorada nesta cerimónia.