domingo, 15 de dezembro de 2013

Boas Festas




A todos faço votos que em família, amizade e carinho, passem estas Festas de Natal.
 
 
 
 
 
 


A imagem parte de um original do Capitão Menezes Ferreira, para o seu livro "João Ninguém; Soldado da Grande Guerra; Impressões Humorísticas do CEP."
Obra muito do meu agrado, vai sendo recorrentemente usada neste vosso espaço. A imagem foi alterada a meu gosto e de forma a ilustrar bem a Quadra.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Laço da Cruz de Guerra de 1ª Classe para Estandarte. Condecorações Colectivas (parte 1ª)





               Pelo decreto 8:357 de 31 de Agosto de 1922, que “Aprova e manda por em execução o regulamento das Ordens Militares Portuguesas”, dá-se cumprimento a uma necessidade legislativa que estava em falta desde 1917: a de legislar sobre a forma de atribuir condecoração colectiva, por feitos de armas, a bandeira ou estandarte regimental e também aos seus militares.


Aquando da promulgação do segundo decreto referente à Medalha da Cruz de Guerra (nº3:259), que regula a sua concessão, fez-se menção desta valência da condecoração, mas nada se acrescentou até 1922.

“ Decreto nº3:259, no número único do seu 2º artigo: A Cruz de Guerra de 1ª Classe pode ser conferia à bandeira ou estandarte das unidades que hajam praticado feitos de armas de excepcional valor.”

                 
Assim diz o artigo que criando o laço para Estandarte da Medalha da Cruz de Guerra de 1ª classe, enobrece e engrandece a História e Valor desta condecoração.

 Decreto 8:357

“Artigo 41- As unidades às quais houver sido conferida a medalha de ouro de Valor Militar (Feito heróico em campanha), a 1ª Classe da Cruz de Guerra (feito de armas de excepcional valor em campanha) ou qualquer grau da Torre e Espada (altos feitos em campanha, ou actos e assinalados serviços à Humanidade, à Pátria e á Republica), usarão sobre o laça da bandeira ou estandarte outro laço de fita de sêda da cor da condecoração de 0m,1 de largura, franjada de ouro, tendo bordada numa das pontas: para a Cruz de Guerra a respectiva palma, para a Torre e Espada a respectiva insígnia.
Este laço repetir-se há por cada vez que a unidade seja condecorada.

Artigo 42 – A concessão das medalhas de Valor Militar, Cruz de Guerra e Ordem da Torre e Espada, por feitos ou serviços relevantes em campanha contra países estrangeiros ou em campanhas coloniais, importa para os militares que tomaram parte naquele feito ou serviço, fazendo parte do efectivo da unidade, formação ou fracção, o uso de um distintivo especial.

Este distintivo, usado com todos os uniformes, será constituído por dois cordões encadeados, de 0m,004 de diâmetro com as cores da fita da condecoração, tendo respectivamente 0m,40 e 0m,60 de comprimento e que se usarão suspensos da platina direita, passando o mais comprido por baixo do braço e indo ambos prender na abotoadura do dólman.

        
Os cordões serão terminados por duas agulhas de 0m,06 de comprimento.
Os cordões e agulhetas serão respectivamente a seda e prata e dourada para os oficiais e algodão e cobre para os praças.

₴ único. Aos militares nas condições deste artigo será feito o respectivo averbamento nos seus registos de matrícula, sem o que não poderão usar o respectivo distintivo.”

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Constatando que este Decreto trata de uma penada só a questão da condecoração colectiva (que podemos dividir entre condecoração colectiva para Estandarte, vulgo Laço, e condecoração colectiva para uso individual, vulgo cordões ou fourragére), é imperioso dar aviso que este artigo apenas influi sobre o Laço para Estandarte, na sua legislação e estética, deixando para outra altura a condecoração colectiva para uso individual.

As variações encontradas nos diversos modelos de Laço da Medalha da Cruz de Guerra são tantas, que ultrapassam em larga medida as variações encontradas nas insígnias cunhadas e transmutações possíveis de obter com diferentes fitas e miniaturas de classe, tornando-se, assim, muito difícil encontrar dois Laços iguais. Ao contrário das medalhas, não são produzidos mecanicamente e em número significativo, apesar das numerosas unidades condecoradas e de todos os Laços de substituição ou duplicados que estas unidades requereram e requerem.

A justificação imediata para a enorme disparidade estética na execução dos Laços prende-se à extrema dependência da execução manual destas Insígnias, ao critério que cada casa de condecorações ou de artigos militares adopta para a sua execução e à natural condicionante de recursos financeiros e materiais disponíveis.

Variações documentadas no Laço da Cruz de Guerra:

 - Na Forma:

Os laços variam no tamanho, não havendo qualquer modelo padrão a seguir. Uns muito “armados” e rígidos, outros muito leves e caídos (depende da qualidade da fita e da presença ou não de arame na armação superior do laço). Uns com abas largas e fita pendente longa, outros com abas curtas e fita pendente não muito maior.
             
Outros existem que não respeitam a forma de laço. Compreendem, apenas, duas fitas da Cruz de Guerra, com 10cm de largo, caídas, atadas no topo e presas à lança de Estandarte.
              
Deste último modelo resta-me apurar, junto dos exemplares documentados, o motivo de se encontrarem assim, se por confecção, se por desaparecimento do laço do Laço.

- Na Fita:

Garante quase sempre a largura legislada de 10cm mas varia, tal como a fita da medalha, no número de listas verdes (entre 5 a 7) que raiam o vermelho predominante. A fita é regra geral tecida de uma só vez, existindo, no entanto, peças em que as listas verdes estão cozidas a uma echarpe de seda vermelha. O verde varia entre o amarelo esverdeado, o verde alface e o verde marinho.

 - Na insígnia: Em metal ou bordada:

- Em metal, se for uma medalha saída de um dos muitos cunhos existentes, quer seja no modelo de 1917, no de 1949 ou 1971. Pode estar em forma de medalha simples ou, mais recentemente, com os louros, ou seja, a mesma insígnia que a gravata de 1ª classe no modelo de 1971. É geralmente doirada, embora a cor predominante nos exemplares conhecidos de 1917 seja o normal castanho bronze. Ainda em metal surgem diversas peças estilizadas, que não são medalhas, ainda assim muito trabalhadas, mas sem grande detalhe, cunhadas ou gravadas e trabalhadas à mão. Estas últimas variam no tamanho, sendo quase sempre de menor dimensão que as insígnias originais.

            
- Bordadas, se for uma insígnia lavrada em fio metálico ou simples, manualmente. Pode, como nos modelos mais recentes, sensivelmente desde o início da Guerra do Ultramar, ser uma cópia exacta em aspecto e dimensão da medalha real, ao contrário do que acontecia anteriormente nos laços, em cujas Cruzes eram bordadas de forma muito simples, sem grande detalhe ou volume (salvo raras e belas excepções).


-Franjas:

Em canutilhos de metal dourado ou amarelo, variando na espessura e comprimento, em lã, algodão ou outro tecido entrelaçado em forma de corda, variando também na espessura e comprimento.

 -Atilhos:

O Atilho é a tira de tecido que prende o Laço à lança do Estandarte. Pode ter muitas e variadas formas. Pode, nos exemplares mais ricos, ser a fita da Cruz de Guerra com os regulamentados 3cm de largo, ou a sua miniatura. Pode ser uma fita de seda negra, vermelha, verde ou azul, de variada largura. Pode, por fim, ser um simples cordão escuro.

Em alguns modelos dos Laços existentes é comum, independentemente da variação estética deste e do período de concessão, encontrarmos uma medalha de 1ª classe completa, cozida numa das duas fitas pendentes ou no “nó” que prende o laço do Laço.

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A imagem que abre este artigo é um Laço para Estandarte Regimental, que orgulhosamente faz há algum tempo parte da minha colecção, esquecido algumas décadas numa antiga butique de artigos militares, foi em boa hora resgatado, pouco tempo antes do desaparecimento da loja.
              Com sete listas verdes e não cinco, em seda moiré, creio tratar-se dos primeiros lotes de fita a chegar a Portugal para este efeito. Não tendo qualquer insígnia bordada, ostenta, no entanto, uma Cruz de Guerra do Modelo de 1949 em metal amarelo, sem palma.
              A franja em lã dourada é entrelaçada em forma de corda curta, não ficando a dever, em qualidade, aos canutilhos metálicos. Por fim, o atilho em seda vermelha remata e sustenta toda a peça.

 Na foto que fecha o artigo, o Sr. Almirante Américo Thomaz condecora o 7º Destacamento de Fuzileiros, na Praça do Comércio/Terreiro do Paço nas cerimónias do 10 de Junho de 1969.





Um fraterno agradecimento ao Dr. Humberto Nuno de Oliveira, presidente da AFP que me auxiliou na identificação da unidade condecorada nesta cerimónia.




quinta-feira, 28 de novembro de 2013

"A Medalha Militar 150 anos (1863-2013)"





Não foi descuido, esquecimento ou uma acção deliberada da minha parte não ter feito aqui nota e publicidade sobre a belíssima exposição que assinalou o 150º aniversário da Medalha Militar.
Em verdade, fui forçado a “pendurar” uma série de esboços para alguns artigos, entre os quais esta pequena “noticia”. Todos eles vitimas de um problema informático que durou mais do que o previsto.

Aos leitores desta página, um pedido de compreensão pelo sucedido.

 

No ano em que se comemoram os 150 anos sobre a fundação da Medalha Militar e do Museu de Marinha por El Rey D. Luiz, a Armada Portuguesa em profícua aliança com a Academia Faleristica de Portugal, ergueu uma exposição com peças de grande valor e significado histórico, vindas das reservas do Museu de Marinha.

A exposição foi inaugurada a 1 de Outubro pelo Sr. Almirante Bossa Dionísio e pelo Comissário Cientifico da exposição o Académico Paulo Estrela. Ambos proferiram uma breve alocução à efeméride, sendo a ultima de grande contributo pedagógico para o entendimento do conceito cientifico de Faleristica, e do seu impacto na História e Cultura.
A noite da inauguração, que contou com largas dezenas de convidados ilustres e anónimos, entre os quais dezena e meia de Académicos da AFP, terminou com um concerto sinfónico pela Banda da Armada.

A Marinha, acolheu de forma fraternal todos aqueles que durante um mês quiseram e puderam visitar o pavilhão central da Cordoaria Nacional, onde estiveram cerca de uma dezena de vitrines com uma mostra de elevado valor, mérito e reconhecimento da presença de Portugal no Mar.


Por fim, dizer que é obvia a relação entre esta exposição e a Medalha da Cruz de Guerra.
Em primeiro lugar porque a MCG é actualmente parte integrante da classe “Medalha Militar”,  depois porque em dois dos espólios estão presentes Medalhas da Cruz De Guerra; no do Sr. Capitão-de-Mar-e-Guerra José Eduardo de Carvalho Crato, nota para a presença do seu belo Diploma; e no do Sr. 1.º Tenente António Luis Gouveia Prestes Salgueiro, nota para a urgente necessidade de restauro da sua insígnia de 1ª classe.
Ambas as Medalhas são do modelo de 1917.




Tendo sido ultrapassado pelo tempo, deixo aqui dois links de grande interesse para quem queira “visitar" a exposição, finda a possibilidade de o fazer fisicamente;

-O primeiro é reservado ao sitio da AFP e da excelente nota que foi dada sobre esta exposição:

http://www.acd-faleristica.com/archives/3629

-O segundo, é para o meritório trabalho do Blog Reserva Naval, sitio da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval, onde é dada uma excelente reportagem fotográfica das peças em exposição:

http://reservanaval.blogspot.pt/2013/11/exposicao-medalha-militar-150-anos-1863.html

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Medalha da Cruz de Guerra de 1917, 3ª Classe





A peça que aqui vos deixo hoje é à semelhança da última, uma Medalha da Cruz de Guerra de 3ª Classe.

Difere da ultima em primeiro lugar por se tratar do modelo fundador que a antecedeu em  30 anos, e por consequência mostrar todas as diferenças e manutenções legislativas, estéticas, politicas e culturais entre o modelo de 1916 e 1946.

1916/1917- Um modelo de desenho fino, mais amplo e leve, num só metal de cunho para todas as classes, diferenciando apenas o metal da miniatura de classe. Em semelhança com a maioria das condecorações nacionais tinha um listel circular com inscrições várias; no caso : “República Portuguesa 1917”.

1946/1949- Um desenho austero e quase sempre descuidado nos detalhes, de linhas grossas, estética mais Imperial e menos Republicana, mais pesado, sem qualquer listel indicativo de data ou nacionalidade. Este modelo era cunhado em vários metais (iguais aos das miniaturas) consoante a classe e não na habitual liga de bronze do modelo anterior.
Seguramente um desenho menos condicionado pela Croix de Guerre Francesa e pensado à luz do todo Nacional Pluricontinental e não na legitimação da Jovem Republica inserida no contexto da Grande Guerra de 14/18.

Manteve-se, como vimos no último texto com uma peça da minha colecção, a fita rubra raiada de verde e a muito Portuguesa cruz pátea templária.



A peça em exposição;

Uma Cruz de Guerra de 1917 igual à maioria dos modelos que aqui tenho trazido, uma patina um pouco disforme e gasta mas conservando ainda a sua tonalidade chocolate original, uma fita que embora muito descuidada e fustigada pelo tempo, detém a particularidade de ser inferior à altura que a cruz pendente, encorpando uma forma quase triangular.
Esta forma curta e triangular da fita constituía a habitual maneira de usar os primeiros exemplares atribuídos da MCG.
A miniatura de classe parece-me à vista desarmada uma peça de prata sólida, apesar de na digitalização mostrar um ar meio cobreado. Não na mais comum forma de folha simples, esta miniatura como outra que aqui já trouxe com a MCG de 2ª Classe de La Lys, foi cunhada em relevo detalhado.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Marechal Gomes da Costa e as "suas" Medalhas da Cruz de Guerra



Embora o titulo possa induzir o leitor em erro a uma primeira vista, convém esclarecer de imediato que não vou, pelo menos neste texto, falar da Cruz de Guerra de 1º Classe que ostenta o Sr. Marechal Gomes da Costa.
Vou antes partilhar um texto das suas memórias onde elogiando a valentia, coragem e humanidade do Soldado Português expedicionário à Flandres, fala não daquela Cruz de Guerra que mereceu, mas daquelas que deu a merecer aos mais valorosos filhos da Pátria Portuguesa.

Assim escreveu:

"Quando hoje se ouve dizer, - os soldados são excelentes,- não é isto um simples cumprimento: são-o realmente. Há neles alguma coisa grande e de belo sob a sua casca rude; a sua delicadeza é toda interior. Pertencendo à categoria dos "incultos, rudes, mal educados, sem preparação, sem maneiras", é nesta vida selvagem da trincheira que mostram o que são e o que valem; - verdadeiros tesouros sem baixeza nem crueldade.

Espreitam o alemão pela ranhura de mira da alça e metem-lhe a bala na cabeça, se o "boche" cai em a meter na sua linha de mira; mas se um "boche" que o fere, levanta em seguida, ferido também, as mãos, agarra nele, leva-o à ambulância, cura-o, dá-lhe o seu pão, dá-lhe o seu vinho, dá-lhe a sua camisa.

Devemos todos inclinar-nos cheios de respeito e cheios de admiração diante deste pobre  "gambúzio", que meteram num navio com uma arma às costas, sem lhe dizerem para onde ia; que colocaram numa trincheira diante do "boche", sem lhe dizerem por que se batia; que passou meses queimado pelo sol do fogo, enregelado pela neve, atascado em lama, encharcado, tiritando com frio, encolhido num buraco enquanto as granadas lhe estoiram em redor; carregando à baioneta quando o "boche" avança e que, com uma perna partida, ou o crânio amachucado por uma bala, estendido no catre da ambulância, ao ver-nos, tinha uma alegria imensa no olhar, murmurando:  O nosso giniral! Aí vem o nosso giniral! Oh meu giniral, agora ganhei a Cruz de Guerra? Pois não?

E nunca me há de esquecer a impressão que um destes pobres seres me causou, quando, ao pregar-lhe a Cruz na camisa da ambulância que vestia, o pobre, não podendo mexer os braços, ambos partidos, estendeu a cabeça e me beijou as mãos...

E outro, muito pequeno, a quem ao dar-lhe o abraço que era costume meu dar àqueles que recebiam a Cruz de Guerra, me abraçou pela cintura e ali ficou preso numa convulsão...

São verdadeiros tesouros, que não podemos deixar de estimar e admirar depois de com eles viver na guerra. E é por isso que natural e instintivamente, os que como eu compreendem põem na continência, com que à sua correspondem, um respeito real e sincero, que está fora dos nossos hábitos.

E há resmungões no meio de isto tudo, porque resmungar é uma paixão do soldado, ou por outra uma distracção, quando tudo corre bem! Pelo contrário, quando tudo vai mal, ninguém resmunga.

Ao terminarem um parapeito, com toda a perfeição, a terra varrida à vassoura, os taludes bem direitos, as arestas bem vivas, vem um morteiro pesado e esmaga tudo.

O bom do "gambúzio" olha para a sua obra de oito dias destruída, e resmunga: Ora, responde outro, isto é bom para não engordarmos muito.

A noite é escura, o frio aperta, os homens estão cobertos de lama gelada, o seu dia de trabalho destruiu-o o "boche" num minuto, é preciso recomeçá-lo; e, sem mau humor, recomeçam-no.

Era preciso uma pena fácil e elegante para mostrar a todo o Portugal quanto valem os nossos soldados e quanto merecem que por ele façam.

A morte, encaram-na de frente e rindo, e em cada minuto da vida de trincheira praticam actos de generosidade, desprendimento e heroísmo espontâneo, que na vida civil estabeleceriam reputação."

A imagem que abre este texto mostra o Sr. Marechal a uma secretária de despacho depois do Golpe de 17 de Junho de 1926, em uniforme de campanha, ostentando apenas e como era de sua maneira e costume e também de legislação, a Cruz de Guerra Portuguesa e curiosamente, pela mesma medida uma vez que de uma Cruz de Guerra também se tratava, a medalha Italiana Cruz ao Valor de Guerra.
Era grande o apreço que tinha o Sr Marechal pela MCG; são muitas as photografias onde o podemos ver fazendo uso apenas da nossa Medalha da Cruz de Guerra.
 Este Uniforme e esta combinação de condecorações é exactamente a mesma que envergará a quando da sua partida para o exilio ainda em 1926.

A imagem que encerra o texto, ilustra de forma magnifica as palavras deixadas por Manuel Gomes da Costa; tirada antes da sua partida para Lisboa após lhe ter sido retirado o comando do CEP, fez questão de premiar com a MCG os que por valentia cravaram no solo da Flandres o nome de Portugal. Ao acto de solene e institucional seguia-se o acto humano de fraternidade e reconhecimento que só um abraço entre Camaradas transmite.

Já reparam por certo que é uma versão estilizada deste “instantâneo do front português” que há largos meses serve de fundo a este vosso Blog.




domingo, 28 de julho de 2013

Capitão de Infantaria Cardoso de Azevedo; Herói da Cruz de Guerra






Aníbal Francisco Gonçalves Cardoso de Azevedo, nasceu na Freguesia de Sacramento em Lisboa na zona do Chiado a 1 de Setembro de 1892. Era filho de Francisco Cardoso de Azevedo e de sua esposa Sr.ª D. Emilia Maria Gonçalves.

Em França aos 25 anos como Alferes do BI 14 de Viseu, irá tornar-se um dos mais destacados e respeitados oficiais ao serviço do CEP.
Imortalizou o seu nome nas páginas da História de Portugal quando já como Tenente, comandou o 1º Pelotão da 1ª Companhia do BI14 sob as ordens do Capitão Vale de Andrade, no Raid de 19 de Março de 1917 sobre as linhas Germânicas no Sector Português de Neuve Chapelle.
Relatam memórias que foi o primeiro Português a por as botas em trincheira inimiga naquela noite, e aquele que mais longe foi tendo atingido a linha de retaguarda inimiga.

Por actos de bravura semelhantes foi um dos militares Portugueses mais condecorados na Flandres tendo sido promovido a Capitão de Infantaria e posto como adido ao Estado-Maior do CEP.


O seu valor enquanto Militar não lhe foi só reconhecido pelos seus camaradas de trincheira. Da sua caderneta militar constam duas Medalhas da Cruz de Guerra de 2ª Classe, uma Medalha de Prata classe Valor Militar, Cruz de Cavaleiro da Ordem de Cristo com Palma, Medalha de Prata de Comportamento Exemplar, Medalha das Campanhas do Exército Português cm Legenda “França 17-18”,Medalha Inter-Aliada da Vitória, cavaleiro da Legião de Honra da Republica Francesa e por fim a muito prestigiada Military Cross (Cruz Militar) do Reino Unido. Todas estas condecorações podem ser vistas na magnifica photografia que acompanha este texto.

De notar a fita da Medalha da Cruz de Guerra; muito mais larga até que a fita de sete raios verdes. Poderá indicar uma fita não regulamentar desconhecida ou ser a fita da Croix de Guerre Francesa. Notar também as duas miniaturas de classe na mesma fita embora muito afastadas.



Desempenhou em Timor cargos de chefia militar e administrativa em Manatulo e Lantem e na Metrópole foi o segundo Comandante do Corpo de policia Cívica de Lisboa, antecessora da PSP.

Monárquico convicto não se coibiu de servir a Pátria Republicana quando ela mais precisou.

Virá a falecer aos 34 anos a 15 de Outubro de 1926.

Fica a promessa de aqui trazer os louvores das duas Medalhas da Cruz de Guerra.





Photografia em: http://www.geni.com/people/An%C3%ADbal-Francisco-Gon%C3%A7alves-Cardoso-de-Azevedo/6000000016227585287

Furriel Pára-quedista João Caria Ramos; Heroi da Cruz de Guerra





Furriel Pára-quedista João Caria Ramos, Medalha da Cruz de Guerra de 3ª Classe;  Pedrógão de São Pedro, Penamacor  15 de Outubro de 1942/ Angola 10 de Julho de 1968.



Foi como voluntário que aos 19 anos a 26 de Outubro de 1961 incorporou o Regimento de Caçadores Paraquedistas em Tancos, tendo merecido o Brevet nº 1793 após ter frequentado o 19ª curso de pára-quedismo militar.
Em 1963 tira o curso de Primeiros Socorros e parte em Junho desse ano para a Província Ultramarina de Angola para cumprir a sua primeira comissão de serviço junto do 21º Batalhão de Caçadores Paraquedistas. A 18 de Novembro de 1965 é promovido a Furriel paraquedista.
A 29 de Novembro de 1967, ano em que tirou o Curso de Transporte Aéreo e Lançamento de Material, é recolocado no BCP 21, unidade na qual cumpriu a sua primeira comissão de serviço.

Aos 25 anos é morto em combate na Província de Angola a 10 de Julho de 1968.



“Por Portaria De 21 de Outubro de 1968

Condecorado com a Medalha da Cruz de Guerra de 3ª Classe, a titulo póstumo o furriel pára-quedista João Caria Ramos, ao tempo do CBP 21 por ter sido considerado nas condições expressas nos art.ªs 9º e 10º e seus parágrafos 1º e 4º do Regulamento da Medalha Militar aprovado pelo Decreto 33667 de 28MAI46.”




“Ordem à Aeronáutica nº32
3ª série 20 de Novembro de 1968

Considerado como dado pelo SEA, o louvor a titulo póstumo concedido ao furriel paraq. João Caria Ramos, ao tempo do BCP 21, publicado na OS nº100 de 19AGO68, do C.º 2.ª RA.
 Pelo valor e serenidade que sempre demonstrou em missões de combate no comando da sua secção.
A profundidade dos seus conhecimentos militares e o exemplo permanente foram sempre motivos de admiração.
Na ultima missão em que tomou parte, pois nela pereceria quando seguia à frente da sua secção, revelou, além daquelas qualidades, astuciosos e sensatos processos de combate que permitiram à rede de emboscada, que esteve a seu cargo, um alto rendimento capturando alguns elementos adversos.
O furriel para-qedista Caria Ramos doou a vida pela pátria e nós nunca esqueceremos o seu sacrifício”


Em Março de 2011 a Junta de Freguesia de Vale da Senhora da Póvoa em Penamacor prestou publica homenagem aos filhos da terra que tombaram em combate na defesa de Portugal. João Caria Ramos não foi, nem será esquecido pelas suas gentes, pela sua terra ou pela sua Pátria.

Nunca por vencido se conheceu!

O 21º Batalhão de Caçadores Pára-quedistas (BCP21) criado pela Portaria nº18464 de 8MAI61 é o primeiro Batalhão de Caçadores Pára-quedistas a ser enviado para a Africa Portuguesa.
Do seu estandarte pende a Medalha de Valor Militar grau Ouro com Palma, e por ele deram a vida 47 Portugueses Imortais.

Do seu brilhante role de feitos e virtudes cívico-militares contamos quase uma centena de Medalhas da Cruz de Guerra nas suas quatro classes.

Pelos que caíram em nome de Portugal, pelos que mereceram a Medalha da Cruz de Guerra, e por todos quantos palmilharam Africa desde o século XVI, escolhemos João e a sua Cruz de Guerra de 3ª Classe para que nos lembrarmos dos feitos do BCP21.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Uma peça curiosa; medalha da Cruz de Guerra 1946/49

                             
 
                           
      



Bem sabemos como se faz uma condecoração; é gravado um cunho de Aço em duas partes, anverso e reverso que encaixados por um balancé e batendo sobre metal mais macio criam uma medalha ou condecoração. De forma simples podemos descrever o processo como sendo o mesmo da produção de moeda.

O cunho que deu origem a esta específica variante da MDG (em baixo à direita) foi gravado há largas décadas por um gravador da Casa da Moeda para uma famosa casa de condecorações em Lisboa. Sobre isto e sobre a magnifica qualidade da escultura e gravação do original não temos qualquer duvida.

O intrigante nesta peça é o facto de ter sido feita não por cunhagem mas por fundição (em baixo à esquerda), á qual por manifesta má qualidade dos detalhes resultantes do processo, se soldou um escudo nacional de maior detalhe mas em muito, diferente do desenho original.

E é aqui que se levantam muitas e sérias duvidas sobre esta condecoração.

 Conhecemos agraciados com a MCG igual a apresentada, portanto já na década de 60/70/80 estas peças circulavam, por vezes sem a adição do escudo.
Conhecemos também, noutras colecções outros exemplares iguais (com e sem escudo) variando o metal em que foram fundidas e a classe que representam.
 Descartamos por isso a hipótese de cópia moderna. Mas não a hipótese de cópia antiga.

Sem qualquer prova disto, pensei por breves instantes, tratar-se de uma produção local (Ultramarina) partindo de uma peça original, para condecorar mais militares dos que os previstos a quando da encomenda de condecorações feita à Metrópole.

Poderá esta ser ainda uma cópia da original, feita por uma casa de revenda de condecorações que não tendo um modelo gravado da MCG de 46/49, optou por copiar uma da concorrência.

Nos vários modelos dela conhecida, a fita raramente é igual e as miniaturas de classe variam por quase todos os modelos que delas conhecemos. O que pode indicar que foram montadas com sobras e de forma apressada, dando, em minha opinião, alguma credibilidade à ideia de produção local.

Uma bonita e interessante Medalha da Cruz de Guerra de 3ª classe 46/49 que foi a leilão em Nova-Iorque num lote de proveniência Alemã.
Em aliança com um bom Amigo, lá a conseguimos resgatar e trazê-la para donde nunca devia ter saído, Portugal. Para além desta Cruz de Guerra destacava-se uma belíssima Medalha de Valor Militar do mesmo modelo 46/49, entre outras, sem que tenhamos conseguido apurar se pertenceram ao mesmo agraciado. Mas o mais consciente e realista, será por certo afirmar que não têm qualquer ligação entre si.





segunda-feira, 8 de abril de 2013

95 anos da Batalha de La Lys.


 


Aos homens que há precisamente 95 anos, nesta mesma madrugada descobriam o significado da palavra coragem.
Aos Portugueses mortos, mutilados, capturados, e vitoriosos da Batalhha de La Lys.

Viva Portugal!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Conjunto de Condecorações de Um Veterano de La Lys




Este conjunto de condecorações da Grande Guerra é o mais querido que tenho. Agrada-me pelo que nos diz, agrada-me pela sua estética, agrada-me pelo mistério do que não me conta mas, agrada-me sobretudo, claro, pela sua Cruz de Guerra.

A sua proveniência é certa, um bom amigo fez-mo chegar intacto, apontando-me, num pequeno papel, nome e família para identificação e futuro contacto. Portanto, um bom conjunto. Portanto, cuidadosamente guardado por mim, para os que vêm depois de mim.

- O conteúdo:
Uma bela Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe, patine uniforme e intocada, fita de cinco raios verdes tendo como única falha a falta de coloração original nos louros, tendo perdido algum do doirado original deixando denotar-se algum brilho da prata em que foram cunhados.

Uma outra bela medalha, a das Campanhas do Exército Português. Em prata, com Barra de Feridos na Batalha de La Lys e Fivela da Campanha “França 1917-1918” no mesmo metal.


Por fim, a Medalha Portuguesa Interaliada da Victória. Em Bronze, com a fivela correcta e legislada, uma fita exemplarmente conservada com particularidade de ter mais de 30mm (à Portuguesa) mas, menos de 37mm (à Francesa). É apenas de lamentar as várias manchas de oxidação no bronze do pendente.

As três unidas por uma barrete de esferas em prata, cortada à medida certa para as diferentes larguras de cada medalha, incluindo barras, fivelas e diferenças de largura nas fitas.


- A forma;

Legislativamente à data da instituição de qualquer destas medalhas, elas não poderiam viver em conjunto. A Medalha da Cruz de Guerra e a Medalha Interaliada da Vitória sim, mas a Medalha das Campanhas, irmã de decreto da MCG, era posta do lado direito do peito, como aqui e aqui é referido.
Sabendo tratar-se de um conjunto de um combatente, à medalha da Vitória falta uma pequena estrela de prata, como sinal que, a partir de 10 de Julho de 1920, com o decreto nº 6:756, faz a distinção entre os condecorados militares (que recebem esta estrela) e os condecorados empregados civis da Armada e do Exército (que usariam da medalha sem estrela).

Assim temos duas incongruências neste conjunto, a Medalha das Campanhas, que não deveria aqui figurar, e a falta da estrela na Medalha da Vitória.

Bom, as razões chegam-nos com algum conhecimento da história do homem que as mereceu. Alferes do Exército partiu para França ainda muito novo e passou pela provação que foi a noite de 9 de Abrilde 1918. Regressado a Lisboa, em 1919, retirou-se da vida militar pouco tempo depois. Deduzi que fosse Oficial Miliciano. Homem de estudos e posses seguiu carreira longe dos quartéis no comércio da Capital durante a década de 20.
Por ter ainda feito uso destas condecorações até tarde, embora muito poucas vezes, dado o bom estado em que me chegaram (embora também lhes tenha feito alguma limpeza e pequenos restauros quase desnecessários) optou por pô-las em conjunto, curiosamente tendo respeitado legislação que viria apenas décadas mais tarde, não tendo recebido também ou tendo-se perdido no tempo a já referida estrela de prata.

A batalha de La Lys percegue-me, e bem pela 2ª vez. Sempre fui um apaixonado pela história de Portugal, mas o capitulo de 1914/ 1919 tinha, até aos meus encontros com as Cruzes de 1917, passado completamente ao lado do meu conhecimento e entendimento do esforço Português no mundo. 
Há qualquer coisa que me toma o coração de assalto quando toco numa das duas barras de La Lys que tenho. Entre as Cruzes de 1917 que tenho, duvido que me apareça outra igada a esta noite dramática e gloriosa da nossa História, no entanto resta-me o consolo de saber que na esmagadora maioria das peças que aqui trago à um esforço calado pelo tempo, mas não desprezado ou esquecido, que contrbuiu para a continuação de Portugal.

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Para quem gosta destas coisas, os conjuntos de condecorações podem ser um verdadeiro encanto ou um verdadeiro pesadelo. Muitas vezes, não sabendo a sua proveniência ou sabendo que nos parecem demasiado bons para serem verdade a reacção natural é rejeitá-los como legítimos.
Nas outras, onde temos um acervo documentado ou palavras de compromisso de quem nos passa as coisas, tornam-se mais fáceis quanto à aceitação da sua legitimidade.

Em Portugal, o cuidado com a (H)história, com o grande e com o pequeno Património é tanto como o cuidado de um Elefante numa loja de cristais… No caso das condecorações a história não é diferente. As que nos chegam são quase sempre individuais, desfeitas das suas irmãs de glória, porque, quem as vende pensa lucrar mais com Elas separadas do que com Elas num conjunto.
Pois que se enganam. Perdem os que o fazem, perde a História e perde o Futuro.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A Medalha aos Precursores da Républica na Cidade do Porto e a Revolta do 31 de Janeiro de 1891.





A 31 de Janeiro de 1891, os homens de Infantaria 10, Infantaria 18, Caçadores 9 e uma brigada da Guarda Fiscal sublevaram-se na Invicta cidade do Porto contra o estado a que o Estado tinha então chegado.
A fome e a miséria eram o quotidiano não do Porto mas de Portugal, as potências estrangeiras controlavam-nos o comércio e as principais indústrias, a bancarrota era uma ameaça constante e uma realidade castradora…
 
O resto já se sabe. A Revolução Republicana no Porto fracassou, mas ficou para a história como um exemplo de desafio, coragem e patriotismo. Naquele dia a Republica viu em Portugal a sua primeira hora de uma longa noite que tarda em dar lugar ao quente sol da manhã que a 31 de Janeiro e a 5 de Outubro se esperou raiar sobre Portugal.

Foi há 122 anos.

Já repararam por certo que não é uma Medalha da Cruz de Guerra, e que portanto é mais um desvio ao ponto central de estudo que aqui tento trazer. Não obstante é uma condecoração que com ela partilha muitas características phaleristicas comuns.
Ambas nascem para ser outorgadas a militares e civis que pela sua bravura se destacaram em determinado evento glorificante para a Republica e para Portugal, ambas cunhadas em bronze/liga de cobre, ambas partilham as novas cores nacionais na fita de suspensão, ambas carregam o busto da Republica voltado à direita no Anverso, ambas carregam a data de instituição. As comparações são naturalmente feitas com o modelo da MCG 1917.

Esta é a Medalha Comemorativa da Revolução de 31 de Janeiro de 1891, instituída pelo Decreto nº 7.260, de 27 de Janeiro de 1921, publicado no Diário do Governo nº19 na 1ª Série e na Ordem do Exercito nº 1 também na sua 1ª Série ambos no mesmo ano do decreto.


“Sendo de inteira justiça a criação de uma medalha comemorativa da Revolução de 31 de Janeiro de 1891, para ser usada pelos sobreviventes desse movimento, verdadeiros percursores da República, como penhor do verdadeiro e inolvidável apreço dos serviços prestados por esses mesmos combatentes, que, pelos seus actos de dedicado arrojo e espírito de sacrifício, tem jus à gratidão da Pátria e da República:

                Hei por bem decretar, sob proposta do Ministro da Guerra, o seguinte:

                Artigo 1º É criada uma Medalha comemorativa da Revolução de 31 de Janeiro de 1891 na Cidade do Porto, e destinada tanto aos militares como a indivíduos da classe civil que tomaram parte nesse movimento.

                Artigo 2º A medalha será de bronze, tendo numa das faces a efígie da República e as datas de 1891-1921 e na outra a legenda AOS PRECURSORES DA REPÚBLICA NA CIDADE DO PORTO.

                SS único. A medalha será usada no lado direito do peito, pendente de fita de seda bipartida verde e vermelha, sendo a fivela substituída por uma passadeira do mesmo metal em forma de palma de louros com as datas referidas neste artigo. Com o trajo civil poder-se há fazer uso de uma roseta de 16 mm de diâmetro da cor da fita, tendo sobreposta uma palma igual à já descrita e de menores dimensões.

O Ministro da Guerra o faça publicar – Paços do Governo da República, 27 de Janeiro de 1921. – ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA – Álvaro Xavier de Castro”.

Assim por este Decreto nasce 30 anos depois do levantamento militar do Porto a medalha que lembra não só este momento mas também e principalmente os que nela se fizeram notar.
Até 1926, foram outorgadas a veteranos civis e militares 177 condecorações.

Além destes, foram ainda concedidas a titulo colectivo duas medalhas, uma à Cidade do Porto e outra à 3ª Brigada da Guarda Fiscal que na Proclamação da Republica de 1891 se fez notar.
Desta última, transcrevo o diploma que a confere:

"Decreto de 14 de Janeiro de 1922:

Tendo em consideração os actos de arrojada decisão e inexcedível fé republicana com que no Batalhão n.º 3 da Guarda Fiscal se assinalou o movimento revolucionário de 31 de Janeiro de 1891:

Hei por bem decretar, sob proposta do Ministro da Guerra, que seja conferida ao Batalhão n.º 3 da guarda fiscal a medalha de bronze, comemorativa da revolução de 31 de Janeiro de 1891, criada pelo decreto n.º 7 260, de 27 de Janeiro de 1921.

 António José de Almeida – Fernando Augusto Freiria (Ministro da Guerra). ”

Fica então aqui a minha lembrança deste dia e destes homens e mulheres, conhecidos ou anónimos, que com sangue, armas e palavras fizeram o sonho e a história de Portugal e dos Portugueses.


-Melo, Olímpio de; 1922; Ordens Militares Portuguesas e outras condecorações – Lisboa; Imprensa Nacional de Lisboa.

-Estrela, Paulo Jorge; 2010; As Revoluções Republicanas na Faleristica Nacional – Lusíada Série II, nº7; Lisboa; Universidade Lusíada Editora.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Major-General Jaime Neves, Cruz de Guerra de 1ª Classe

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Foi hoje a enterrar o Major-General Jaime Neves.

Jaime Alberto Gonçalves das Neves, 1936/2013, faleceu neste passado fim-de-semana no Hospital Militar da Estrela, vítima de complicações respiratórias.
Por ser um oficial de grande prestigio junto daqueles que com ele serviram e, por ter sido condecorado com a Medalha da Cruz de Guerra, é-lhe neste Blog devida uma nota de lembrança.



Em baixo:
Insígnia da Medalha da Cruz de Guerra de 1949, 1ª classe, igual à que nesta fotografia ostenta o então capitão Jaime Neves.
Não em prata dourada como preferia a lei que a regulava, mas sim em latão ou cobre dourado, faz uso de uma bonita miniatura de classe, essa sim em prata dourada, muito ao estilo da de 1917.
Quando a comprei, a fita estava rasgada, suja e presa por quatro ou cinco linhas de fio. Decidi substitui-la.



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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Medalha da Cruz de Guerra de 1917 1ª Classe




Que melhor forma de aqui trazer uma Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe de 1917, se não consagrá-la a todos os que há quase um século caíram na Flandres, no Mar e em África, para que nós aqui pudéssemos estar?

Este Blogue surge primeiro como forma de partilhar a minha colecção; posteriormente, quase em simultâneo, como forma de adquirir e publicar conhecimento sobre ela; e hoje algum tempo volvido sobre o seu aparecimento, sou diariamente ultrapassado pelo crescimento de uma e de outro sem que aqui vos consiga dar actualizada nota disso.


A Insígnia:

Esta foi a minha primeira de algumas Medalhas da Cruz de Guerra de 1ª Classe de 1917. Ainda não vos tinha trazido nenhuma, e entre as que tenho, decidi trazer a 1ª que adquiri.

Apesar de alguma falta de uniformidade na coloração deste exemplar, a Patina está em franco bom estado, sem apresentar pontos de corrosão ou desgaste sério.
A fita, de cinco raios verdes, está em muito bom estado, assim como os pontos de costura que a unem no reverso.
A miniatura de classe divide-se entre a Coroa de Louros que está, quer na coloração quer na integridade, em excelente estado, e, a miniatura da Cruz que apresenta uma semelhante qualidade de coloração mas uma pequena “dentada de cunho” no braço direito.





“Longe, muito longe do céu azul de Portugal, dos montes verdejantes ou das fartas campinas das suas províncias, descansam pois, nos ásperos climas da Flandres, os nossos Mortos da Grande Guerra.
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Ó Mães de Portugal, mulheres de uma só fé, que do Norte ao Sul educais os vossos filhos nas heróicas tradições da nossa raça, ensinai a amar essa humilde figura de soldado que sustentou em África e na Flandres as mais rudes pelejas, porque assim, perante a Ingratidão Humana, conseguireis depor, no eterno Pantheon da Memória dos vossos filhos, o cadáver de “João Ninguém”, esse “Soldado Desconhecido” de uma grande nação desconhecida.”

Imagem e palavras finais do Livro “João Ninguém, Soldado da Grande Guerra, impressões humorísticas do CEP” do Capitão Menezes Ferreira.

Também este Livro pela sua intrínseca ligação à Medalha que aqui estudamos, terá direito a um futuro artigo.




terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A hierárquia e ordem de precedência da medalha militar, a Cruz de Guerra e a 1ª Republica 1921


No seguimento do artigo " A hierárquia e ordem de precedência da medalha militar, a Cruz de Guerra e a 1ª Republica 1919 " de 23 de Março de 2012, fica aqui este Decreto de 1921 que lhe serviu de adenda introduzindo a medalha infra-referida, mantendo a Medalha da Cruz de Guerra como a segunda mais alta condecoração Portuguesa.


"Decreto nº 7:721, 4 de Outubro de 1921

 

Alterando o regulamento das Ordens. Ordem do Exército n.º 10, 1.ª série.Considerando que no Regulamento das Ordens Militares Portuguesas, aprovado por Decreto de 8 de Novembro 1919, não figura a Medalha de Filantropia e Caridade do Instituto de Socorros a Náufragos a que se refere o Decreto de 6 de Novembro de 1914;

Considerando que pelo disposto no ss único do Art.º 23.º do Regulamento dos Serviços de Socorros a Náufragos aprovado por aquele Decreto, a referida Medalha é considerada oficial e nele se determina que a mesma deve ser usada do lado direito do peito:

Hei por bem decretar, sob proposta do Ministro da Guerra que o ss 2.º do Art.º 32.º do Regulamento das Ordens Militares Portuguesas passe a ter a redacção seguinte:

ss 2.º As medalhas comemorativas das campanhas do exército português, as de mérito, filantropia e de generosidade, as de filantropia e caridade e as de bons serviços no ultramar, usam-se do lado direito do peito, da esquerda para a direita, pela ordem acima mencionada."







Aproveito para dar alguns exemplos de outras condecorações nacionais que poderiam seguir-se na fila da direita, naturalmente, antes das condecorações estrangeiras, ou à nossa esquerda quando indicadas por lei:
-Medalha dos Socorros a Náufragos, de notar que usará durante os seus primeiros anos enquanto medalha republicana a mesma fita que a medalha das campanhas do exército português; 
-Distintivo de Promoção por Distinsão em Campanha, até 1946/49 sem medalha, usando só o agraciado a fita simples. Fundada a 2/12/1919, pelo decreto n.º 6264.
- Distintivo de Mutilados e Estropiados de Guerra, usada nas mesmas condições que a de cima. Fundada a 5/10/1919 pelo decreto n.º 4886.
- Medalha comemorativa do 30º aniversário da revolução do 31 de Janeiro de 1891.
-Medalha comemorativa da revolução do 5 de Outubro de 1910 instituída pela Câmara Municipal de Lisboa.




Fica aqui também uma palavra de FIRME critica e repudio à Google, que deu mais um passo na "bisbilhotice de bairro" a que nos tem vindo a habituar, obrigando-me agora a ter que carregar as imagens para este nosso Blog via "álbuns web picasa". Com este passo, o que antes era simples, é agora complicado. Forjando falsas dificuldades técnicas, deram-me como única opção fazer o "upload" das imagens via "porta do cavalo", ao invés de o fazer directamente deste Blog acedendo às minhas imagens no meu PC. Enfim, encontraram mais uma forma de me vincular à Google, arrancando-me mais dados pessoais.
Não fosse o gosto pela História, pela Medalha da Cruz de Guerra, e pelos nossos leitores, e a Google tinha a partir de já, menos um assinante.A todos um bom ano de 2013, dentro das esperadas dificuldades que nos têm posto à frente. Saibamos todos, com coragem e determinação ultrapassa-las.