domingo, 28 de julho de 2013

Capitão de Infantaria Cardoso de Azevedo; Herói da Cruz de Guerra






Aníbal Francisco Gonçalves Cardoso de Azevedo, nasceu na Freguesia de Sacramento em Lisboa na zona do Chiado a 1 de Setembro de 1892. Era filho de Francisco Cardoso de Azevedo e de sua esposa Sr.ª D. Emilia Maria Gonçalves.

Em França aos 25 anos como Alferes do BI 14 de Viseu, irá tornar-se um dos mais destacados e respeitados oficiais ao serviço do CEP.
Imortalizou o seu nome nas páginas da História de Portugal quando já como Tenente, comandou o 1º Pelotão da 1ª Companhia do BI14 sob as ordens do Capitão Vale de Andrade, no Raid de 19 de Março de 1917 sobre as linhas Germânicas no Sector Português de Neuve Chapelle.
Relatam memórias que foi o primeiro Português a por as botas em trincheira inimiga naquela noite, e aquele que mais longe foi tendo atingido a linha de retaguarda inimiga.

Por actos de bravura semelhantes foi um dos militares Portugueses mais condecorados na Flandres tendo sido promovido a Capitão de Infantaria e posto como adido ao Estado-Maior do CEP.


O seu valor enquanto Militar não lhe foi só reconhecido pelos seus camaradas de trincheira. Da sua caderneta militar constam duas Medalhas da Cruz de Guerra de 2ª Classe, uma Medalha de Prata classe Valor Militar, Cruz de Cavaleiro da Ordem de Cristo com Palma, Medalha de Prata de Comportamento Exemplar, Medalha das Campanhas do Exército Português cm Legenda “França 17-18”,Medalha Inter-Aliada da Vitória, cavaleiro da Legião de Honra da Republica Francesa e por fim a muito prestigiada Military Cross (Cruz Militar) do Reino Unido. Todas estas condecorações podem ser vistas na magnifica photografia que acompanha este texto.

De notar a fita da Medalha da Cruz de Guerra; muito mais larga até que a fita de sete raios verdes. Poderá indicar uma fita não regulamentar desconhecida ou ser a fita da Croix de Guerre Francesa. Notar também as duas miniaturas de classe na mesma fita embora muito afastadas.



Desempenhou em Timor cargos de chefia militar e administrativa em Manatulo e Lantem e na Metrópole foi o segundo Comandante do Corpo de policia Cívica de Lisboa, antecessora da PSP.

Monárquico convicto não se coibiu de servir a Pátria Republicana quando ela mais precisou.

Virá a falecer aos 34 anos a 15 de Outubro de 1926.

Fica a promessa de aqui trazer os louvores das duas Medalhas da Cruz de Guerra.





Photografia em: http://www.geni.com/people/An%C3%ADbal-Francisco-Gon%C3%A7alves-Cardoso-de-Azevedo/6000000016227585287

Furriel Pára-quedista João Caria Ramos; Heroi da Cruz de Guerra





Furriel Pára-quedista João Caria Ramos, Medalha da Cruz de Guerra de 3ª Classe;  Pedrógão de São Pedro, Penamacor  15 de Outubro de 1942/ Angola 10 de Julho de 1968.



Foi como voluntário que aos 19 anos a 26 de Outubro de 1961 incorporou o Regimento de Caçadores Paraquedistas em Tancos, tendo merecido o Brevet nº 1793 após ter frequentado o 19ª curso de pára-quedismo militar.
Em 1963 tira o curso de Primeiros Socorros e parte em Junho desse ano para a Província Ultramarina de Angola para cumprir a sua primeira comissão de serviço junto do 21º Batalhão de Caçadores Paraquedistas. A 18 de Novembro de 1965 é promovido a Furriel paraquedista.
A 29 de Novembro de 1967, ano em que tirou o Curso de Transporte Aéreo e Lançamento de Material, é recolocado no BCP 21, unidade na qual cumpriu a sua primeira comissão de serviço.

Aos 25 anos é morto em combate na Província de Angola a 10 de Julho de 1968.



“Por Portaria De 21 de Outubro de 1968

Condecorado com a Medalha da Cruz de Guerra de 3ª Classe, a titulo póstumo o furriel pára-quedista João Caria Ramos, ao tempo do CBP 21 por ter sido considerado nas condições expressas nos art.ªs 9º e 10º e seus parágrafos 1º e 4º do Regulamento da Medalha Militar aprovado pelo Decreto 33667 de 28MAI46.”




“Ordem à Aeronáutica nº32
3ª série 20 de Novembro de 1968

Considerado como dado pelo SEA, o louvor a titulo póstumo concedido ao furriel paraq. João Caria Ramos, ao tempo do BCP 21, publicado na OS nº100 de 19AGO68, do C.º 2.ª RA.
 Pelo valor e serenidade que sempre demonstrou em missões de combate no comando da sua secção.
A profundidade dos seus conhecimentos militares e o exemplo permanente foram sempre motivos de admiração.
Na ultima missão em que tomou parte, pois nela pereceria quando seguia à frente da sua secção, revelou, além daquelas qualidades, astuciosos e sensatos processos de combate que permitiram à rede de emboscada, que esteve a seu cargo, um alto rendimento capturando alguns elementos adversos.
O furriel para-qedista Caria Ramos doou a vida pela pátria e nós nunca esqueceremos o seu sacrifício”


Em Março de 2011 a Junta de Freguesia de Vale da Senhora da Póvoa em Penamacor prestou publica homenagem aos filhos da terra que tombaram em combate na defesa de Portugal. João Caria Ramos não foi, nem será esquecido pelas suas gentes, pela sua terra ou pela sua Pátria.

Nunca por vencido se conheceu!

O 21º Batalhão de Caçadores Pára-quedistas (BCP21) criado pela Portaria nº18464 de 8MAI61 é o primeiro Batalhão de Caçadores Pára-quedistas a ser enviado para a Africa Portuguesa.
Do seu estandarte pende a Medalha de Valor Militar grau Ouro com Palma, e por ele deram a vida 47 Portugueses Imortais.

Do seu brilhante role de feitos e virtudes cívico-militares contamos quase uma centena de Medalhas da Cruz de Guerra nas suas quatro classes.

Pelos que caíram em nome de Portugal, pelos que mereceram a Medalha da Cruz de Guerra, e por todos quantos palmilharam Africa desde o século XVI, escolhemos João e a sua Cruz de Guerra de 3ª Classe para que nos lembrarmos dos feitos do BCP21.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Uma peça curiosa; medalha da Cruz de Guerra 1946/49

                             
 
                           
      



Bem sabemos como se faz uma condecoração; é gravado um cunho de Aço em duas partes, anverso e reverso que encaixados por um balancé e batendo sobre metal mais macio criam uma medalha ou condecoração. De forma simples podemos descrever o processo como sendo o mesmo da produção de moeda.

O cunho que deu origem a esta específica variante da MDG (em baixo à direita) foi gravado há largas décadas por um gravador da Casa da Moeda para uma famosa casa de condecorações em Lisboa. Sobre isto e sobre a magnifica qualidade da escultura e gravação do original não temos qualquer duvida.

O intrigante nesta peça é o facto de ter sido feita não por cunhagem mas por fundição (em baixo à esquerda), á qual por manifesta má qualidade dos detalhes resultantes do processo, se soldou um escudo nacional de maior detalhe mas em muito, diferente do desenho original.

E é aqui que se levantam muitas e sérias duvidas sobre esta condecoração.

 Conhecemos agraciados com a MCG igual a apresentada, portanto já na década de 60/70/80 estas peças circulavam, por vezes sem a adição do escudo.
Conhecemos também, noutras colecções outros exemplares iguais (com e sem escudo) variando o metal em que foram fundidas e a classe que representam.
 Descartamos por isso a hipótese de cópia moderna. Mas não a hipótese de cópia antiga.

Sem qualquer prova disto, pensei por breves instantes, tratar-se de uma produção local (Ultramarina) partindo de uma peça original, para condecorar mais militares dos que os previstos a quando da encomenda de condecorações feita à Metrópole.

Poderá esta ser ainda uma cópia da original, feita por uma casa de revenda de condecorações que não tendo um modelo gravado da MCG de 46/49, optou por copiar uma da concorrência.

Nos vários modelos dela conhecida, a fita raramente é igual e as miniaturas de classe variam por quase todos os modelos que delas conhecemos. O que pode indicar que foram montadas com sobras e de forma apressada, dando, em minha opinião, alguma credibilidade à ideia de produção local.

Uma bonita e interessante Medalha da Cruz de Guerra de 3ª classe 46/49 que foi a leilão em Nova-Iorque num lote de proveniência Alemã.
Em aliança com um bom Amigo, lá a conseguimos resgatar e trazê-la para donde nunca devia ter saído, Portugal. Para além desta Cruz de Guerra destacava-se uma belíssima Medalha de Valor Militar do mesmo modelo 46/49, entre outras, sem que tenhamos conseguido apurar se pertenceram ao mesmo agraciado. Mas o mais consciente e realista, será por certo afirmar que não têm qualquer ligação entre si.