sábado, 15 de setembro de 2012

A Gravata para a 1ª Classe da Cruz de Guerra



Sendo o modelo mais conhecido desta peça faleristica o regulamentado a 20 de Dezembro de 1971, no Decreto 566/71 que "promulga a medalha militar e as medalhas comemorativas de campanha das forças armadas", a verdade é que já em 1946/49 se previa o uso da 1ª classe da MCG como insígnia de pescoço, embora nunca se tivesse regulado ou legislado de forma clara no que concerne ao seu uso ou desenho.
Durante algum tempo foi difícil encontrar uma prova do uso da Gravata de 1ª Classe do modelo de 1946, não havendo legislação sobre o seu desenho ou prova fotográfica do uso de uma, pouco mais poderíamos fazer do que imagina-la.

 Contudo descobri recentemente uma imagem do Major-General Hélio Felgas, publicada aquando da sua morte em 2008 pelo Jornal do Exército, onde podemos ver a gravata de 1946 em uso com o Colar da Ordem da Torre e Espada. Um achado esclarecedor.
A Gravata supra-referida, pouco mais é do que uma Cruz igual à insígnia de peito com um canevão cinzelado a motivos vegetalistas e uma fita de suspensão também ela igual à insígnia de peito.


 
 
 
 
 
 Quanto ao modelo de 1971, bem regulamentado e documentado, não é difícil encontrar-mos boas
referências visuais do seu uso.

São disto exemplo as Gravatas de 1ª Classe da MCG modelo 1971 do General Comando Almeida Bruno*, Capitão de Mar e Guerra Fuzileiro Rebordão de Brito, ou do Comandante Fuzileiro Francisco Oliveira Monteiro.
Entre todas as três supra-referidas existem sérias diferenças de cunho, cor ou fita de suspensão, contrariando assim o artigo regulador que diz o seguinte:

 " Insígnia para pescoço (1ª classe):

Gravata Constituída por fita com as características indicadas para a fita de suspensão para a insígnia de peito, mas com a largura de 0,038mm;

Pendente: de bronze;
Cruz idêntica à descrita para a insígnia de peito, mas cercada de duas vergonteas de louro, frutadas e atadas nos topos proximais com um laço."

 Dada a séria dificuldade em encontrar a fita de suspensão de 38mm, é usada quase sempre a fita de 30mm igual à da insígnia de peito.
Quanto aos pendentes a variação é também grande. Em certas gravatas a cruz é de bronze e as vergônteas de oiro, como nesta da minha colecção que aqui vos deixo, semelhante à do General Almeida Bruno, noutras a cruz e as vergônteas são da mesma cor mas, separadas, cruz e vergônteas por 2 ou 3 mm, noutras ainda predomina o doirado. Os cunhos completos conhecidos são vários. Variando entre o cunho completo de cruz e Vergônteas, ou cunhos só para as vergônteas a soldar à posteriori à Cruz.

 Sendo raro vermos a gravata em uso, podendo haver um desconhecimento face à sua existência que o justifique, incapacidade monetária para a adquirir por parte dos Veteranos de guerra ou mesmo por inadaptação estética, todos os militares condecorados com a 1ª Classe da Cruz de Guerra podem usa-la como gravata quando não tiverem sido condecorados com a 1ª classe da medalha de Valor Militar, que ocupará naturalmente o seu lugar na ordem de imediata precedência hierárquica.O uso da Gravata não impede o uso de qualquer colar de uma ordem militar.

 *Sobre a Gravata do General Almeida Bruno: É ainda incerto se o cunho da cruz da sua Gravata é o de 1971 ou o de 1946, mas sendo conhecidas as imagens que provam o uso da gravata com as vergônteas, suponho oficialmente que se trate do modelo de 1971. Ainda que intimamente suponha, dadas as provas fotográficas,  que se trate do de 1946.

Nota: A Gravata apresentada em 1º lugar neste artigo é de minha autoria e foi montada apenas  para ilustrar neste artigo a gravata em uso pelo Major-General Hélio Felgas. Fazendo uso de uma insignia autentica, não se trata de uma condecoração atribuida.
O mesmo não se passa com a 2ª gravata, que faz parte da minha colecção, está bem documentada e é um dos poucos exemplares que conheço cunhada em dois metais diferentes.
Ambas as fitas estão digitalmente cortadas para não ocuparam demasiado espaço horizontal na galeria de imagens.