domingo, 15 de dezembro de 2013

Boas Festas




A todos faço votos que em família, amizade e carinho, passem estas Festas de Natal.
 
 
 
 
 
 


A imagem parte de um original do Capitão Menezes Ferreira, para o seu livro "João Ninguém; Soldado da Grande Guerra; Impressões Humorísticas do CEP."
Obra muito do meu agrado, vai sendo recorrentemente usada neste vosso espaço. A imagem foi alterada a meu gosto e de forma a ilustrar bem a Quadra.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Laço da Cruz de Guerra de 1ª Classe para Estandarte. Condecorações Colectivas (parte 1ª)





               Pelo decreto 8:357 de 31 de Agosto de 1922, que “Aprova e manda por em execução o regulamento das Ordens Militares Portuguesas”, dá-se cumprimento a uma necessidade legislativa que estava em falta desde 1917: a de legislar sobre a forma de atribuir condecoração colectiva, por feitos de armas, a bandeira ou estandarte regimental e também aos seus militares.


Aquando da promulgação do segundo decreto referente à Medalha da Cruz de Guerra (nº3:259), que regula a sua concessão, fez-se menção desta valência da condecoração, mas nada se acrescentou até 1922.

“ Decreto nº3:259, no número único do seu 2º artigo: A Cruz de Guerra de 1ª Classe pode ser conferia à bandeira ou estandarte das unidades que hajam praticado feitos de armas de excepcional valor.”

                 
Assim diz o artigo que criando o laço para Estandarte da Medalha da Cruz de Guerra de 1ª classe, enobrece e engrandece a História e Valor desta condecoração.

 Decreto 8:357

“Artigo 41- As unidades às quais houver sido conferida a medalha de ouro de Valor Militar (Feito heróico em campanha), a 1ª Classe da Cruz de Guerra (feito de armas de excepcional valor em campanha) ou qualquer grau da Torre e Espada (altos feitos em campanha, ou actos e assinalados serviços à Humanidade, à Pátria e á Republica), usarão sobre o laça da bandeira ou estandarte outro laço de fita de sêda da cor da condecoração de 0m,1 de largura, franjada de ouro, tendo bordada numa das pontas: para a Cruz de Guerra a respectiva palma, para a Torre e Espada a respectiva insígnia.
Este laço repetir-se há por cada vez que a unidade seja condecorada.

Artigo 42 – A concessão das medalhas de Valor Militar, Cruz de Guerra e Ordem da Torre e Espada, por feitos ou serviços relevantes em campanha contra países estrangeiros ou em campanhas coloniais, importa para os militares que tomaram parte naquele feito ou serviço, fazendo parte do efectivo da unidade, formação ou fracção, o uso de um distintivo especial.

Este distintivo, usado com todos os uniformes, será constituído por dois cordões encadeados, de 0m,004 de diâmetro com as cores da fita da condecoração, tendo respectivamente 0m,40 e 0m,60 de comprimento e que se usarão suspensos da platina direita, passando o mais comprido por baixo do braço e indo ambos prender na abotoadura do dólman.

        
Os cordões serão terminados por duas agulhas de 0m,06 de comprimento.
Os cordões e agulhetas serão respectivamente a seda e prata e dourada para os oficiais e algodão e cobre para os praças.

₴ único. Aos militares nas condições deste artigo será feito o respectivo averbamento nos seus registos de matrícula, sem o que não poderão usar o respectivo distintivo.”

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Constatando que este Decreto trata de uma penada só a questão da condecoração colectiva (que podemos dividir entre condecoração colectiva para Estandarte, vulgo Laço, e condecoração colectiva para uso individual, vulgo cordões ou fourragére), é imperioso dar aviso que este artigo apenas influi sobre o Laço para Estandarte, na sua legislação e estética, deixando para outra altura a condecoração colectiva para uso individual.

As variações encontradas nos diversos modelos de Laço da Medalha da Cruz de Guerra são tantas, que ultrapassam em larga medida as variações encontradas nas insígnias cunhadas e transmutações possíveis de obter com diferentes fitas e miniaturas de classe, tornando-se, assim, muito difícil encontrar dois Laços iguais. Ao contrário das medalhas, não são produzidos mecanicamente e em número significativo, apesar das numerosas unidades condecoradas e de todos os Laços de substituição ou duplicados que estas unidades requereram e requerem.

A justificação imediata para a enorme disparidade estética na execução dos Laços prende-se à extrema dependência da execução manual destas Insígnias, ao critério que cada casa de condecorações ou de artigos militares adopta para a sua execução e à natural condicionante de recursos financeiros e materiais disponíveis.

Variações documentadas no Laço da Cruz de Guerra:

 - Na Forma:

Os laços variam no tamanho, não havendo qualquer modelo padrão a seguir. Uns muito “armados” e rígidos, outros muito leves e caídos (depende da qualidade da fita e da presença ou não de arame na armação superior do laço). Uns com abas largas e fita pendente longa, outros com abas curtas e fita pendente não muito maior.
             
Outros existem que não respeitam a forma de laço. Compreendem, apenas, duas fitas da Cruz de Guerra, com 10cm de largo, caídas, atadas no topo e presas à lança de Estandarte.
              
Deste último modelo resta-me apurar, junto dos exemplares documentados, o motivo de se encontrarem assim, se por confecção, se por desaparecimento do laço do Laço.

- Na Fita:

Garante quase sempre a largura legislada de 10cm mas varia, tal como a fita da medalha, no número de listas verdes (entre 5 a 7) que raiam o vermelho predominante. A fita é regra geral tecida de uma só vez, existindo, no entanto, peças em que as listas verdes estão cozidas a uma echarpe de seda vermelha. O verde varia entre o amarelo esverdeado, o verde alface e o verde marinho.

 - Na insígnia: Em metal ou bordada:

- Em metal, se for uma medalha saída de um dos muitos cunhos existentes, quer seja no modelo de 1917, no de 1949 ou 1971. Pode estar em forma de medalha simples ou, mais recentemente, com os louros, ou seja, a mesma insígnia que a gravata de 1ª classe no modelo de 1971. É geralmente doirada, embora a cor predominante nos exemplares conhecidos de 1917 seja o normal castanho bronze. Ainda em metal surgem diversas peças estilizadas, que não são medalhas, ainda assim muito trabalhadas, mas sem grande detalhe, cunhadas ou gravadas e trabalhadas à mão. Estas últimas variam no tamanho, sendo quase sempre de menor dimensão que as insígnias originais.

            
- Bordadas, se for uma insígnia lavrada em fio metálico ou simples, manualmente. Pode, como nos modelos mais recentes, sensivelmente desde o início da Guerra do Ultramar, ser uma cópia exacta em aspecto e dimensão da medalha real, ao contrário do que acontecia anteriormente nos laços, em cujas Cruzes eram bordadas de forma muito simples, sem grande detalhe ou volume (salvo raras e belas excepções).


-Franjas:

Em canutilhos de metal dourado ou amarelo, variando na espessura e comprimento, em lã, algodão ou outro tecido entrelaçado em forma de corda, variando também na espessura e comprimento.

 -Atilhos:

O Atilho é a tira de tecido que prende o Laço à lança do Estandarte. Pode ter muitas e variadas formas. Pode, nos exemplares mais ricos, ser a fita da Cruz de Guerra com os regulamentados 3cm de largo, ou a sua miniatura. Pode ser uma fita de seda negra, vermelha, verde ou azul, de variada largura. Pode, por fim, ser um simples cordão escuro.

Em alguns modelos dos Laços existentes é comum, independentemente da variação estética deste e do período de concessão, encontrarmos uma medalha de 1ª classe completa, cozida numa das duas fitas pendentes ou no “nó” que prende o laço do Laço.

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A imagem que abre este artigo é um Laço para Estandarte Regimental, que orgulhosamente faz há algum tempo parte da minha colecção, esquecido algumas décadas numa antiga butique de artigos militares, foi em boa hora resgatado, pouco tempo antes do desaparecimento da loja.
              Com sete listas verdes e não cinco, em seda moiré, creio tratar-se dos primeiros lotes de fita a chegar a Portugal para este efeito. Não tendo qualquer insígnia bordada, ostenta, no entanto, uma Cruz de Guerra do Modelo de 1949 em metal amarelo, sem palma.
              A franja em lã dourada é entrelaçada em forma de corda curta, não ficando a dever, em qualidade, aos canutilhos metálicos. Por fim, o atilho em seda vermelha remata e sustenta toda a peça.

 Na foto que fecha o artigo, o Sr. Almirante Américo Thomaz condecora o 7º Destacamento de Fuzileiros, na Praça do Comércio/Terreiro do Paço nas cerimónias do 10 de Junho de 1969.





Um fraterno agradecimento ao Dr. Humberto Nuno de Oliveira, presidente da AFP que me auxiliou na identificação da unidade condecorada nesta cerimónia.