quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

II Congresso de Heráldica Militar no Museu Militar de Lisboa







No passado dia 11 de Dezembro, teve lugar no Museu Militar de Lisboa, o II congresso de Heráldica Militar.

Mais de uma década depois do I Congresso de Heráldica Militar, decidiu em boa hora o Exército e a Direcção de História e Cultura Militar, realizar tão importante evento para todos aqueles que se entregam e dedicam ao estudo e ao gosto da Heráldica, da Faleristica e da História Militar.
Pela primeira vez, foi a nossa Academia convidada a participar e a contribuir de forma valorativa para o decorrer e produto dos trabalhos.

Por convite da Direcção de História e Cultura Militar e claro da Academia Faleristica de Portugal, foi o autor deste Blog convidado para ser responsável por uma comunicação ao Congresso.

Foi uma honra e um gosto ter aos 21 anos de idade, partilhado a mesa com tão elevados nomes da Faleristica Nacional. Ali, no Museu Militar de Lisboa, na sala da Grande Guerra sobre o olhar atento dos que tombaram na Flandres, naquelas paredes imortalizados por Sousa Lopes.

Assim o painel da tarde foi de inteira responsabilidade da AFP, dedicada naturalmente à Faleristica Militar, onde, sob a condução do Dr. José Vicente de Bragança, Vice-Presidente da AFP, foram proferidas as seguintes comunicações;

- “No alvor das Condecorações Militares: a Campanha do Rossilhão” pelo Académico Prof. Doutor Humberto Nuno Oliveira, fundador e Presidente da Direcção da AFP.

-“A medalha das Campanhas na transição da Monarquia para a República” – pelo Académico Dr. Paulo Jorge Estrela, Secretário da AFP.

- “A Medalha da Cruz de Guerra, a sua estética e história(s) na defesa da República e do Império.” pelo Autor deste Blog

Desta ultima comunicação gostaria de retirar e deixar-vos aqui umas palavras:

“A medalha da Cruz de Guerra faz parte do nosso imaginário. Sem as suas histórias e louvores, não poderíamos nunca compreender da mesma forma o Século XX Português.
 É parte da vida dos muitos que a mereceram e dos muitos que a viram ser merecida.
É lembrada por ser símbolo maior de abnegação, coragem e heroicidade para as várias gerações de Portugueses que na Flandres, no Mar, na Índia e em África fizeram muitas das páginas da história de Portugal.”

Resta-me tornar aqui pública uma palavra pessoal de gratidão ao Exército Português, à Direcção de História e Cultura Militar e ao seu Director o Sr. Major-General Hugo Eugénio dos Reis Borges pela forma exemplar, cordata e amiga como todos os conferencistas, em especial os académicos da AFP e, particularmente, o autor deste Blog, foram recebidos e tratados ao longo de todo o processo na preparação e no decorrer dos trabalhos deste II Congresso.

Em cima: Armas da Academia Faleristica de Portugal, imagem com a qual terminei a minha Comunicação ao II Congresso de Heraldica Militar. É de notar que ao centro carrega uma Cruz de Guerra estilizada.


Sobre os trabalhos e o decorrer do Congresso, aconselha o autor a visitar os links infra indicados, no sitio online do Exército, da AFP, e do "Operacional":

http://www.exercito.pt/Noticias/Paginas/IICONGRESSODEHER%C3%81LDICAMILITARNOMUSEUMILITARDELISBOA.aspx

http://www.acd-faleristica.com/archives/3147

http://www.acd-faleristica.com/archives/3180

http://www.exercito.pt/Noticias/Paginas/IICONGRESSODEHER%C3%81LDICAMILITARNOMUSEUMILITARDELISBOA.aspx

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Contra-Almirante Fernando d´Oliveira Pinto, Herói da Cruz de Guerra (revisto)


 
Fernando d´Oliveira Pinto, 1888/ 1961, Contra-Almirante e Vice-Almirante da Marinha de Guerra Portuguesa, Herói da Cruz de Guerra.

Figura de incontornável relevo na história moderna da nossa Marinha, chegou a ser por curto período de tempo, chefe de Estado-Maior Naval (actualmente e desde  1955 Estado Maior da Armada) entre 31 de Dezembro de 1948 e 10 de Dezembro de 1949.

A Grande Guerra apanhou-o na força da Idade, e nela se manifestaram as melhores qualidades que tinha para oferecer à Pátria, à República, à Armada e aos seus camaradas de armas.

Homem de grande valor militar, moral e intelectual, teve durante a participação Portuguesa na 1ª Grande Guerra, oportunidade de ilustrar algumas das mais brilhantes páginas dos feitos de armas da Marinha, naquele grande confronto que era a disputa dos mares Portugueses entre David e Golias.  

Ainda antes da declaração de guerra a Portugal pela Alemanha, a 9 de Março de 1916, já os nossos travavam em Africa, mais uma vez e não pela ultima, já contra o Império de Guilherme II,  as batalhas e os combates que fizeram rubra de sangue e vitória a bandeira dos nossos avós.
Ao sul  de Angola se escreveram muitas páginas de História, uma delas com o nome de Oliveira Pinto.
Jovem 2º Tenente, integrou umas das muitas colunas mistas com homens de Marinha e do Exército que tinham a espinhosa missão de pacificação das tribos indígenas da zona fronteiriça e do combate ao invasor Alemão.
Notabilizou-se pelos combates no Cuanhama e nas cargas de infantaria que ali comandou, tendo por isso sido condecorado com a medalha da Cruz de Guerra de 3ª Classe.

Mais tarde, já de regresso à armada e ao mar, vem a dar-se um episodeo pouco conhecido mas de significativo valor histórico e militar para a guerra no mar e para Portugal.

Era a tarde de 21 de Agosto de 1918, o mítico Patrulha de Alto Mar, muitas vezes referido como Caça-Minas Augusto de Castilho, sob o comando do então 1º Tenente Oliveira Pinto, têm um encontro inesperado com um grande submarino Alemão.
Ao largo do Cabo Raso, perto de Cascais, às portas da Capital do Império e de um porto seguro para os Aliados, dá-se o combate.  Desta vez vencido pelo Augusto Castilho (ao contrário do que acontecerá mais tarde no Açores contra um outro submarino Alemão, o U-139), que com um certeiro disparo da peça de 65mm de avante, pôs fora de combate o submarino inimigo que prontamente se pôs em fuga.
Por este acto será condecorado com a medalha da Cruz de Guerra de 2ª Classe.

Virá a falecer a 29 de Junho de 1961, no ano em que começa a Guerra de Angola, pela ultima vez na história de Portugal, em Lisboa, província e cidade que defendeu com risco de vida décadas antes.

O conjunto de condecorações que ostenta o Sr. Almirante Oliveira Pinto, nesta fotografia da minha colecção, é certamente digno de admiração. Para este artigo, e no seguimento do anterior,  destacam-se naturalmente as duas Cruzes de Guerra cujas histórias foram já aqui contadas.

Pois como já referi, até 1946, a legislação impunha que as Cruzes de Guerra concedidas não se repetissem fisicamente tantas quantas vezes concedidas ao mesmo individuo, mas sim apenas se repetissem em miniatura de classe na mesma fita de uma única Cruz de Guerra.
Esta fotografia posterior a essa data, reflecte precisamente a alteração legislativa de 46, onde se repetem as Cruzes de Guerra e não apenas as classes.

 As Medalhas da Cruz de Guerra do Contra-Almirante D´Oliveira Pinto, uma de 2º Classe, e a outra de 3ª Classe, têm como anverso a República em acordo com a lei, e curiosamente as fitas têm sete raios verdes, pouco comum de encontrar na década de 50.

Os louvores:

"Decreto de 31 de Maio de 1919 (D.G. 139 e 143, 2ª Série, 1919



Hei por bem, sob proposta do Ministro da Marinha, e tendo em vista o parecer da comissão encarregada de propor recompensas por feitos durante o estado de guerra, decretar que seja concedida a Cruz de Guerra de 2ª classe, aos Oficiais abaixo mencionados, pelos motivos que a cada um vai indicado:
...
1º Tenente Fernando de Oliveira Pinto – pela co­ragem e decisão que demonstrou no dia 21 de Agosto de 1918, sendo Comandante do Caça-Minas Augusto de Castilho, quando, ao largo do Cabo Raso, este navio atacou, com tiros de peça, um submarino inimigo de grandes dimensões.



Decreto de 22 de Agosto de 1922 (D.G. 198, 2ª Série, 1922
Por decretos de 22 de Agosto corrente, sob pro­posta do Ministro da Marinha, e tendo em vista o parecer da comissão de recompensas às expe­dições no ultramar, foi galardoado o pessoal da Armada abaixo mencionado pela forma e serviços que lhes vai indicado:
...
Cruz de Guerra de 3ª classe:

1º Tenente Fernando de Oliveira Pinto – porque, tendo feito parte da coluna que em 1915 operou no sul de Angola, no posto de 2º Tenente, distinguiu-se pela
inteligência, energia, actividade, resistência à fadiga, espírito disciplinador em todos os serviços e ainda valentia de que deu mostras nos combates travados no Cuanhama, e em especial na direcção das cargas executadas pelos seus pelotões em 20 de Agosto. "



Várias curiosidades podemos absorver desta magnifica fotografia, mas a que mais me agrada é a evolução da Medalha militar entre o modelo de 1919 da Medalha de Valor Militar com palma, e a de Serviços distintos de 1946 que, ladeiam respectivamente pela direita e pela esquerda as medalhas da Cruz de Guerra.

O meu publico agradecimento ao amigo e académico P. Estrela,  que mais uma vez me cedeu este conjunto de louvores, também ele grande estudioso, investigador e conhecedor  da medalha da Cruz de Guerra.  

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A República do avesso...



Com o titulo que se apresenta este texto, bem que podia ser um de comentário politico e critico ao estado a que chegou a Republica, essa nobre conquista da história e do povo Português.

Mas não, neste 5 de Outubro, trago mais uma das minhas peças de 1917, com uma curiosa particularidade, acompanhada de mais um pequeno apontamento histórico, onde o titulo é totalmente faleristico.

 Sendo a Republica muito jovem em 1917, de estranhar seria se todos os militares ao seu serviço fossem totais simpatizantes e apoiantes do novo regime.
Patriotas e bravos, como todos os bons filhos de Portugal, certamente que o eram. Republicanos? Essa era uma outra história...
Muitos monárquicos convictos, como comprovam as revoltas de 1919, e muitos Republicanos descontentes como mostra todo o período da 1ª Republica, perfilavam no Exército e na Armada.
O 28 de Maio de 1926, movimento que instaurou a Ditadura Nacional, foi o culminar de uma parte conturbada da nossa história.

 A peça que aqui deixo, é interessante em primeiro lugar por suportar duas classes; e em segundo, e daqui o titulo do post, ter a Efígie da Republica voltada para trás.

Durante a Republica não era raro vermos prestigiados oficiais, entre os quais o líder do levantamento militar de Braga, fazendo uso dos símbolos monárquicos então abolidos, nas insígnias faleristicas que ostentavam.

Com o 28 de Maio e os momentos históricos que lhe seguiram, há um progressivo afastar da simbologia Republicana da vida publica militar e civil.
Há aliás um vídeo disponível na cinemateca digital de uma parada militar em Lisboa, coroando o movimento militar de Mendes Cabeças e Costa Gomes, a pretexto da comemoração do fim da Grande Guerra, onde da tribuna de honra pende uma Medalha da Cruz de Guerra de grandes dimensões com o escudo nacional voltado para a frente.
(Não farei uso dos termos "anverso" e "reverso" para não confundir a descrição)
Esta Cruz de Guerra terá pertencido muito provavelmente a alguém que participou no movimento supra-referido, ou que não simpatizando com a Republica, decidiu literalmente, voltar-lhe a cara.

Introduz também, algo que algures por aqui já tinha escrito, a existência de várias classes na mesma fita.
Muito ao arrepio da Croix de Guerre Francesa que ostentava várias citações na mesma fita, a Cruz de Guerra Portuguesa de 1917 poderia, como aqui faz, mostrar mais do que uma classe por fita, em vez de, como mais tarde se legislou, a Cruz repetir-se tantas quantas as classes que um condecorado possa receber.

Posto isto, podemos identificar aqui a 2ª e 4ª Classe, miniatura de folha simples sem relevo, estando aqui numa fita de época em muito bom estado de conservação, apontando apenas como ponto fraco, uma patina clara e desgastada, mas ainda assim uniforme e sem ponta de corrosão.
Terá certamente cumprido bem o seu papel glorificador ao seu merecedor, que em África, no Mar ou na Flandres ao serviço do CEP ou do CAPI, recebeu tão nobre galardão por duas vezes.

Este post surge de uma conversa que tive há dias com um bom amigo, que me fez saber que na sua colecção tem também uma destas Cruzes de Guerra em que a Republica foi "substituída" pela esfera armilar.

Conhecemos várias fotos da época (pós 28 de Maio), em que a prática de as voltar se generalizou. E conhecemos ainda alguns, não muitos, mas suficientes espólios particulares bem identificados em que podemos até encontrar duas medalhas da Cruz de Guerra, em que numa a Republica é o Anverso e noutra a esfera armilar é o Anverso, indicando claramente a necessidade de as alternar consoante o momento politico.



Clique aqui para ver o video supra referido na cinemateca.



sábado, 15 de setembro de 2012

A Gravata para a 1ª Classe da Cruz de Guerra



Sendo o modelo mais conhecido desta peça faleristica o regulamentado a 20 de Dezembro de 1971, no Decreto 566/71 que "promulga a medalha militar e as medalhas comemorativas de campanha das forças armadas", a verdade é que já em 1946/49 se previa o uso da 1ª classe da MCG como insígnia de pescoço, embora nunca se tivesse regulado ou legislado de forma clara no que concerne ao seu uso ou desenho.
Durante algum tempo foi difícil encontrar uma prova do uso da Gravata de 1ª Classe do modelo de 1946, não havendo legislação sobre o seu desenho ou prova fotográfica do uso de uma, pouco mais poderíamos fazer do que imagina-la.

 Contudo descobri recentemente uma imagem do Major-General Hélio Felgas, publicada aquando da sua morte em 2008 pelo Jornal do Exército, onde podemos ver a gravata de 1946 em uso com o Colar da Ordem da Torre e Espada. Um achado esclarecedor.
A Gravata supra-referida, pouco mais é do que uma Cruz igual à insígnia de peito com um canevão cinzelado a motivos vegetalistas e uma fita de suspensão também ela igual à insígnia de peito.


 
 
 
 
 
 Quanto ao modelo de 1971, bem regulamentado e documentado, não é difícil encontrar-mos boas
referências visuais do seu uso.

São disto exemplo as Gravatas de 1ª Classe da MCG modelo 1971 do General Comando Almeida Bruno*, Capitão de Mar e Guerra Fuzileiro Rebordão de Brito, ou do Comandante Fuzileiro Francisco Oliveira Monteiro.
Entre todas as três supra-referidas existem sérias diferenças de cunho, cor ou fita de suspensão, contrariando assim o artigo regulador que diz o seguinte:

 " Insígnia para pescoço (1ª classe):

Gravata Constituída por fita com as características indicadas para a fita de suspensão para a insígnia de peito, mas com a largura de 0,038mm;

Pendente: de bronze;
Cruz idêntica à descrita para a insígnia de peito, mas cercada de duas vergonteas de louro, frutadas e atadas nos topos proximais com um laço."

 Dada a séria dificuldade em encontrar a fita de suspensão de 38mm, é usada quase sempre a fita de 30mm igual à da insígnia de peito.
Quanto aos pendentes a variação é também grande. Em certas gravatas a cruz é de bronze e as vergônteas de oiro, como nesta da minha colecção que aqui vos deixo, semelhante à do General Almeida Bruno, noutras a cruz e as vergônteas são da mesma cor mas, separadas, cruz e vergônteas por 2 ou 3 mm, noutras ainda predomina o doirado. Os cunhos completos conhecidos são vários. Variando entre o cunho completo de cruz e Vergônteas, ou cunhos só para as vergônteas a soldar à posteriori à Cruz.

 Sendo raro vermos a gravata em uso, podendo haver um desconhecimento face à sua existência que o justifique, incapacidade monetária para a adquirir por parte dos Veteranos de guerra ou mesmo por inadaptação estética, todos os militares condecorados com a 1ª Classe da Cruz de Guerra podem usa-la como gravata quando não tiverem sido condecorados com a 1ª classe da medalha de Valor Militar, que ocupará naturalmente o seu lugar na ordem de imediata precedência hierárquica.O uso da Gravata não impede o uso de qualquer colar de uma ordem militar.

 *Sobre a Gravata do General Almeida Bruno: É ainda incerto se o cunho da cruz da sua Gravata é o de 1971 ou o de 1946, mas sendo conhecidas as imagens que provam o uso da gravata com as vergônteas, suponho oficialmente que se trate do modelo de 1971. Ainda que intimamente suponha, dadas as provas fotográficas,  que se trate do de 1946.

Nota: A Gravata apresentada em 1º lugar neste artigo é de minha autoria e foi montada apenas  para ilustrar neste artigo a gravata em uso pelo Major-General Hélio Felgas. Fazendo uso de uma insignia autentica, não se trata de uma condecoração atribuida.
O mesmo não se passa com a 2ª gravata, que faz parte da minha colecção, está bem documentada e é um dos poucos exemplares que conheço cunhada em dois metais diferentes.
Ambas as fitas estão digitalmente cortadas para não ocuparam demasiado espaço horizontal na galeria de imagens.


sábado, 7 de julho de 2012

Cinco Cruzes de Guerra de 1ª Classe aos Boinas Rubras.




No passado dia 29 de Junho as tropas Comando cumpriram cinco décadas ao serviço da pátria e das suas gentes.
Aos nossos "cabeças de fósforo", Boinas Rubras de Portugal, parabéns pela honra no cumprimento do seu dever.

Em reconhecimento do exposto, deslocou-se o Chefe de Estado ao Centro de Tropas Comando para assistir à parada e desfile da ordem, apontando como feliz elemento a presença dos Veteranos Comandos, e a imposição do Laço da Cruz de Guerra a cinco unidades que prestaram heróico serviço na última guerra do Ultramar.

Transcrevo do Diário da Republica as concessões das Insígnias por ordem da Chancelaria das Ordens Honorificas Portuguesas:

"Diário da República, 2.ª série — N.º 128 — 4


Aviso (extrato) n.º 9091/2012
Guerra — 1.ª Classe.
O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 33.º, n.º 1, do Decreto -Lei n.º 316/2002, de 27 de dezembro, o seguinte:

É concedida à 19.ª Companhia de Comandos, a Medalha da Cruz de Guerra — 1.ª Classe

27 de junho de 2012. — O Secretário -Geral das Ordens, Arnaldo Pereira Coutinho;

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Aviso (extrato) n.º 9092/2012
Guerra — 1.ª Classe.
O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 33.º, n.º 1, do Decreto -Lei n.º 316/2002, de 27 de dezembro, o seguinte:

É concedida à 30.ª Companhia de Comandos, a Medalha da Cruz de Guerra — 1.ª Classe

27 de junho de 2012. — O Secretário -Geral das Ordens, Arnaldo Pereira Coutinho;

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Aviso (extrato) n.º 9093/2012
Guerra — 1.ª Classe.
O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 33.º, n.º 1, do Decreto -Lei n.º 316/2002, de 27 de dezembro, o seguinte:

É concedida ao Batalhão Comando do Extinto Comando Territorial Independente da Guiné, a Medalha da Cruz de Guerra — 1.ª Classe

27 de junho de 2012. — O Secretário -Geral das Ordens, Arnaldo Pereira Coutinho;

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Aviso (extrato) n.º 9094/2012
Guerra — 1.ª Classe.
O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 33.º, n.º 1, do Decreto -Lei n.º 316/2002, de 27 de dezembro, o seguinte:

É concedida à 33.ª Companhia de Comandos, a Medalha da Cruz de Guerra — 1.ª Classe

27 de junho de 2012. — O Secretário -Geral das Ordens, Arnaldo Pereira Coutinho;

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Aviso (extrato) n.º 9095/2012
Guerra — 1.ª Classe.
O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 33.º, n.º 1, do Decreto -Lei n.º 316/2002, de 27 de Dezembro, o seguinte:

É concedida à 20.ª Companhia de Comandos, a Medalha da Cruz de Guerra — 1.ª Classe

27 de Junho de 2012. — O Secretário -Geral das Ordens, Arnaldo Pereira Coutinho; "


Nesta cerimónia, presidida por Sua Excelência o Presidente da Republica, foi adicionada, ainda que tardiamente, maior justiça, honra e reconhecimento ao papel não só dos Comandos, mas de todos quantos passaram pela Guiné e de forma alargada por todos os teatros de operações no Ultramar.

Espero que sejam enviados todos os Cordões de Condecoração Colectiva, Fourragéres, a todos os Veteranos ainda vivos das Companhias e do Batalhão condecorados. Era um gesto simpático e justo.




Audaces Fortuna Juvat!

Em cima: Guião do Batalhão de Comandos do Comando Territorial da Guiné, condecorado com o laço de 1ª classe da Cruz de Guerra. (de minha autoria)

Em baixo: Foto da cerimónia;

Links uteis para informação complementar:

  http://www.presidencia.pt/comandantesupremo/?idc=305&idi=67351

https://www.facebook.com/media/set/?set=oa.408065645905841&type=1#!/media/set/?set=oa.408065645905841&type=1


O meu agradecimento ao amigo P. Estrela que em boa hora me alertou para a publicação em Diário da Republica destas cinco condecorações.








terça-feira, 22 de maio de 2012

Um ano, Uma peça nova.



Cumpre-se hoje um ano sobre o lançamento deste Blogue.

Devo agradecer antes de mais, aos leitores, aos amigos, aos curiosos, aos faleristas, aos coleccionadores, aos amadores, aos que cá vêm regularmente e aos que cá vêm por engano.
Este é um projecto que veio para ficar.  Falar sobre um tema que se esgota, sem poder variar muito, em Portugal, para portugueses, sobre história, sobre faleristica, é efectivamente um grande tiro no escuro, mas que, feito o balanço deste primeiro ano, foi certeiramente disparado.

Milhar e meio de leitores, cinco seguidores, numerosos comentários técnicos e de alento, numerosos contactos privados para esclarecimento de dúvidas ou compromissos vários, alguns contactos com o estrangeiro, várias publicações nos tops de pesquisa dos principais motores de busca, enfim, posso dizer que até agora, tenho cumprido com o que me comprometi desde o meu primeiro post, e relembro:" Este blogue surge da necessidade de ter um suporte on-line onde a medalha da cruz de guerra da Republica Portuguesa seja o objecto de estudo principal."

A muito do que me propus ainda não dei resposta, e acredito que a muito do que se possa esperar deste Blogue muitas respostas tenho que dar. Farei sempre o meu melhor, com a periodicidade que me for possivél, embuido da certeza e do espírito que cada publicação, cada leitura, cada pesquisa, cada contacto, cada imagem, é um claro contributo para a partilha e ensino da nossa História.

Feito os agradecimentos e o balanço deste nosso primeiro ano, fica no seguimento do post anterior uma nova peça da minha colecção;





Esta peça é-me, como todas as outras, muito querida. Talvez com uma pequena diferença, é que esta como poucas outras pode rapidamente contar-me muito sobre o agraciado. Prometo uma pesquisa séria e dar aqui nota sobre o que descobrir.

No post anterior referi, transcrevendo da legislação, que as medalhas atribuídas por feitos em campanha eram ornamentadas na fivela pela letra "C", significada naturalmente da palavra Campanha, contudo mais tarde na década de 20, em Diploma ainda a encontrar, a letra "C" foi substituída por uma palma doirada, indicando assim que aquela condecoração foi entregue por feitos em Campanha.

(Sei agora, tratar-se do Decreto n.º 11.649, de 7 de Maio de 1926, que às portas do Golpe do 28 de Maio e do inicio da Revolução Nacional, decretou atribuir-se as palmas às ordens e medalhas atribuídas em feitos de campanha contra inimigos da Pátria, não suprimindo os "C", mas relegando-os para identificar as ordens e medalhas atribuídas em campanhas internas, nas revoltas, revoluções, golpes e contra golpes na defesa da Republica ou contra a Republica.)

O conjunto acima é em tudo sublime. Fivelas e barra em prata patinada de negro, possivelmente para não reflectir o Sol em Uniforme de Campanha, fitas em bom estado de preservação de cor e textura, e palmas incrustadas nas fivelas.
É também um conjunto de grande valor militar, mostrando as duas maiores condecorações à época (O T.E./ M.D.C.) (1920), sendo mais do que certo terem pertencido a um grande e valoroso português que se arriscou na Flandres ou em África, pela Republica e por todos nós.

Da Esquerda para a direita; Ordem Militar da Torre e Espada com Palma (impossivél destrinçar o grau dada a ausência de roseta), Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe, duas Medalhas Militares de Bons Serviços com Palma. (Relativamente à Ordem da Torre e Espada, sei agora que, dada a ausência de roseta, é altamente provável tratar-se do grau de Cavaleiro.)

É de notar um estranho nivelamento inferior das fitas, algo nada comum à época, mas que se justifica com a existência mais do que provável de uma segunda barra, para pelo menos conter a Medalha Inter-Aliada da Vitória.


O meu grande e publico agradecimento a um amigo que fez questão de me ajudar no encontro dos decretos, e no esclarecimento da identificação da O.T.E.

A hierárquia e ordem de precedência da medalha militar, a Cruz de Guerra e a 1ª Republica 1919



A 8 de Novembro de 1919, já posteriormente ao cessar do troar dos canhões na Flandres e em Àfrica, sobre proposta do Ministro da Guerra, é promulgada a regulamentação do uso das ordens e medalhas militares Portuguesas.
Este meu artigo vem também preencher uma lacuna na informação disponível na web sobre faleristica nacional e cumprir uma velha promessa minha de vos trazer e dar a conhecer esta matéria.
Nada melhor, para o fazer, do que transcrever directamente da legislação à data, o que aqui quero deixar.
Ilustrarei com a ajuda do Paint o transcrito da Legislação, dando assim a conhecer graficamente o que me proponho aqui a mostrar.


"Decreto nº 6:205, 8 de Novembro de 1919

Regulamento das Ordens Militares Portuguesas. Ordem do Exército nº23, 1ª série.

Capitulo I (...) Capitulo V (...)

Capitulo VI: Disposição Comum às Diferentes Ordens;

...
Artigo 32º. As condecorações Portuguesas são colocadas em primeiro lugar, da direita para a esquerda, no lado esquerdo do peito, pela ordem da seguinte precedencia: Torre e Espada, Cruz de Guerra, Cristo, Avis, S. Tiago, Medalha Militar (valor militar, bons serviços, comportamento exemplar) e Medalha da Vitória. A seguir as ordens e condecorações estrangeiras.

#.1º As medalhas militares conferidas por serviços de campanha - letra C - têm precedência sobre a Ordem de Cristo.

#.2º As medalhas comemorativas das campanhas do exército português, as do mérito, filantropia e generosidade e a de bons serviços no ultramar, usam-se do lado direito do peito, da esquerda para a direita pela ordem acima mensionada. As cruzes e medalhas da Cruz Vermelha colocar-se hão após estas.

#.3º Quando os distinivos das condecorações não se contenhão numa só linha, a ordem de preferência começará pela linha supeiror.

#.4º Só é permitido o uso das fitas das condecorações sem fivela no uniforme de camapnha.

#.5º Aos oficiais e praças é permitido o uso das insignias da Torre e Espada, Cruz de Guerra e medalha de Valor Militar, em passeio com qualquer uniforme.

... "



Este Decreto é uma verdadeira revolução, não só pelo afirmar da reintrodução das antigas ordens militares banidas em 1910, não só pela regulamentação do uso das Ordens e das Medalhas, mas também pela introdução das condecorações colectivas de unidades, até então só entregues a Praças citiadas ou Cidades/Vilas heróicas. Mas isto das condecorações colectivas, ficará para outra altura.

Podemos então ver a importância que a Medalha da Cruz de Guerra assume neste Decreto e durante todo o momento histórico da 1ª Republica.
Se por exemplo em França a Croix de Guerre vêm depois da Medaille Militaire e da sempre primeira Legion d´Honor, por cá a Medalha da Cruz de Guerra, contrariamente ao que acontece hoje e desde 1946, assumia lugar de destaque logo a seguir ao mais alto galardão a que um Português pode aspirar, a bem amada e querida Ordem da Torre e Espada.


Este artigo foi revisto a 09/01/2013, alterando a imagem que o acompanha com a finalidade de uniformizar via paint todas as imagens deste tipo que avante se julguem pertinentes partilhar neste Blog.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

As primeiras Medalhas da Cruz de Guerra da Guerra do Ultramar




Falar da Cruz de Guerra é falar de Portugueses, da sua História, das suas histórias, e em particular de dois momentos, da Grande Guerra de 14/18, e da Guerra do Ultramar.

Se a primeira foi um misto de trauma e dificuldades para a sociedade civil, mas um grande factor histórico e politico de regozijo para a jovem Republica, a segunda, ainda é, e continuará sendo durante largos anos uma ferida profunda, bem aberta e tristemente ignorada ou esquecida no meio da sociedade Portuguesa.
A Guerra Colonial afirma-se como o ultimo grande momento de mostra de heroicidade para a sociedade civil e militar Portuguesa, que entre 1960 e 1975 viveu os últimos momentos do Império, e os primeiros momentos de Independência dos Povos Africanos.

A 28 de Janeiro de 1962 na Vila de Damba, Província do Uige, Norte de Angola na Fronteira com o Congo, são entregues em 40 anos as primeiras Medalhas da Cruz de Guerra, que se destinavam a galardoar a heroicidade do primeiro ano de guerra, numa cerimónia que contou com as mais altas individualidades Provinciais como o Governador Geral Venâncio Deslandes, General Holbeche Fino, o Brigadeiro Luís Deslandes, entre outras.

Nesta cerimónia foram entregues seis Cruzes de Guerra, todas de 4ª classe e todas à Companhia de Caçadores 144, subordinada ao Batalhão de Caçadores 141 do Regimento de Infantaria 15, pelos feitos levados a cabo a 11 de Setembro de 1961 por homens que debaixo de fogo se lançaram na perseguição do inimigo ao atravessarem o rio Coji conseguindo mostrar grande espírito do sentido do dever e do sentido Pátrio, tendo terminado a sua missão só quando se findaram as munições, já muito depois do comandante do grupo, o alferes que indicarei a seguir, se encontrar gravemente ferido.

Os nomes;

-António João Monteiro Madeira, soldado nº 287/61; Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe.
-António Júlio Branquinho, soldado nº 205/61; Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe.
-Apolinio Catreira da Cruz, soldado nº 275/61 ; Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe.
-Armindo Pereira Francisco, soldado nº 284/61 ; Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe.
-José Manuel Gonçalves Dias, Furriel Miliciano ; Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe.
-Leonildo Cirilo Monteiro, Alferes Miliciano ; Medalha da Cruz de Guerra de 4ª Classe.

Resta-me destacar uma frase do comandante da companhia de caçadores 144, o Tenente-Coronel Pereira de Carvalho, proferida no inicio da cerimónia de condecoração; "Todos sabem dar a vida pela Pátria, onde e quando a Pátria precisa!".

Ao topo uma insígnia da Cruz de Guerra de 4ª Classe, de 1946/1949, semelhante às que os nossos bravos receberam.
Na imagem em baixo, o General Governador-Geral Venâncio Deslandes condecora os militares supra-referidos na vila de Damba a 28/01/1962.

No dia 28 de Janeiro deste ano, passaram cinco décadas, 50 anos, sobre este momento importante da história e da phaleristica portuguesa.





segunda-feira, 9 de abril de 2012

"A Batalha de La Lys" ou "O 9 de Abril de 1918"





A História da Republica, da liberdade na Europa, do nosso povo, das nossas terras em suma da nossa Pátria tão Portuguesa, não se escreveria nunca mais a partir daquela madrugada, a madrugada do 9 de Abril, sem referir este nome, La Lys.

Desesperado pelas noticias da chagada de um largo contingente de forças Norte-Americanas ao sector da Flandres, desesperado pelo crescente descontentamento do povo Alemão com a guerra, pela ineficácia militar e politica do aliado Austro-Hungaro; o alto-comando Imperial Alemão decidiu-se a lançar uma feroz ofensiva de escala sem precedente que ficaria conhecida no papel como "Operation George".

Por razões várias o alto-comando Imperial não conseguiu reunir as forças inicialmente previstas a que se tinha proposto para a Operation George, que assim com insuficiencia de meios, passaria a ser denominada Operation Georgette, sustentada pelo 6º e 4º Exércitos da frente ocidental, com 120 mil homens prontos para a ofensiva.

Dos objectivos inicialmente apontados,"lançar uma grande ofensiva que destrua largos sectores Britânicos pesados, através do seu elo mais fraco, o sector Português, a conquista de Calais e Boulogne-sur-Mer e talvez causar tamanha derrota que obrigue antes da chegada norte-americana ao iniciar das conversações da paz", apenas se reduziu a estratégia, por falta de meios, a uma teoria que ficaria sarcasticamente celebre até aos nosso dias na história militar; o alto-comando Imperial teorizou que primeiro o importante era furar num lado qualquer as linhas inimigas e que depois logo se veria o que se faria, ou seja "Abrimos ali um buraco e depois logo se vê!"

Na noite em que os nossos homens esperavam pela tão prometida rendição por tropas Britânicas, o que nos permitiria repousar pela primeira vez em meses, o 6º Exercito Alemão com as suas 8 Divisões de 60 mil homens, lançou-se num ataque que só nas primeiras 4 horas custou-nos 8mil baixas, de um sector que na linha da frente contava apenas 15 mil Portugueses.

Os nossos aliados Britânicos não estiveram para grandes "face to face with the enemy" e recuaram às linhas defensivas, permitindo assim que os nossos homens, depois de uma barragem de artilharia que durou toda a noite, ficassem sozinhos para o embate com as tropas Prussianas.

Bom o resto já se sabe, os Alemães tiveram sucesso inicial, e acabariam por ser empurrados novamente para as suas linhas, passadas semanas do inicio da ofensiva.

Nesta Batalha cada Português foi homem! Heróis? Muitos! Cobardes? Muitos! Portugueses merecedores da nossa memória? Todos!
Os actos de coragem e resistência ás vagas Germânicas foram poucos mas bons, destrancando-se a famosa história de Aníbal Milhaes, o soldado que valia Milhões de soldados.


A medalha que aqui deixo para apreço é naturalmente uma peça incomum, mas acima de tudo merecedora da minha maior estima. Sabemos porque aqui já o escrevi algumas vezes que na fita verde e rubra apenas a cruz indicadora de classe poderia ter lugar, mas esta Cruz tem algo mais.

Não é a primeira que vejo com uma barra, tenho conhecimento de outra, essa não na minha colecção, com uma personalizada com o nome do agraciado e com o feito merecedor de condecoração. Esta Cruz no entanto tem uma barra em prata doirada igual à barra para a medalha das campanhas do exercito Português criada para comemorar a batalha de La Lys.
A Barra está abaixo da cruz de 2ª classe, e tudo me parece inalterado à largas décadas, o que não me leva a suspeitar de alterações. Assim esta Cruz de Guerra de 1917 foi atribuída por feitos na ofensiva do Lys, e o seu merecedor, sabendo da importância que esta data e aquela provação teve para a Republica, para ele e para os seus camaradas, achou por bem dignificar a sua Cruz de Guerra com um acrescento, mesmo que à luz da legislação da época a barra não tivesse sido criada para o efeito.

Foram mais os mortos a enterrar do que medalhas a entregar, ainda assim muitos foram os Portugueses e aliados que por feitos na batalha do Lys foram condecorados com a cruz de guerra.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Uma outra Cruz de Guerra 1917 em envelope original, Fev 2012



Portuguese War Cross 1917 /Croix de Guerre Portugais 1917/ Cruz de guerra 1917.


Já aqui vos dei uma vez a conhecer uma cruz de guerra de 1917, com envelope original, e aqui vos dou mais uma.
Se o outro envelope está quase perfeito no estado de conservação, este, tirando as manchas de oxidação do papel (dado o facto da medalha lá ter estado seguramente algumas décadas), está perfeito e ponto! Outra grande diferença está na fita de suspensão que veio com ela.
Como também aqui já mostrei num outro post e como era de lei, a fita rubra era raiada por cinco faixas verdes, esta, no entanto, é raiada não por cinco mas por sete faixas verdes.
A explicação pode ser simples; esta fita é a exacta inversão da usada na croix de guerre Francesa, indicando assim que terá sido tecida em França, usando as linhas de côr da cruz de guerra Belga.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Outro quadro expositor dos vários modelos da Cruz de Guerra





A publicação deste quadro deveria vir depois da publicação de um artigo sobre a MCG de 1946 e a sua posterior legislação em 1949. Contudo fica já o apoio visual e um despertador de curiosidade.
Prometo o link para o artigo sobre a legislação de 1946 e 1949.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Cruz de Guerra 1971





Em 1971, a três anos do fim do regime e numa época de maior pacificidade das frentes de batalha no Ultramar, mas ainda de grande rigor para os que nela se entregavam às agruras da peleja, achou por bem o Governos de Marcello Caetano, calculo que por iniciativa dos ministérios da Defesa Nacional e do Ultramar, legislar de novo sobre a Medalha da Cruz de Guerra.

Continuando a dividir-se em quatro classes, factor que a par do desenho e cores da fita de suspensão,e, da manutenção da cruz templária como insígnia da MDC, são as únicas constantes ao longo da sua história, o novo desenho é radicalmente diferente da sua antecessora.
Em primeiro lugar voltamos a um tipo de suspensão igual ao modelo de 1917 , um tipo de suspensão que caracterizo como muito português e de bom gosto e certa originalidade, ficando no meio termo entre o estilo de argola Francês e o estilo recto Britânico, em segundo e mais visível, passamos a ter uma cruz milimétricamente mais pequena em diâmetro, de traço de rebordo mais saliente (assim como toda a escultura da medalha) mais espessa, e por fim, de braços mais largos.
Quanto ao anverso há uma permanência do desenho base, a esfera armilar de D. Manuel encimada de um cruz e baseada num besante, já quanto ao reverso dá-se uma profunda alteração de desenho; as espadas antigas em aspas (cruzadas) com um escudo das quinas e a repetição da cruz, (ver modelo de 1946) cedem agora lugar a uma circunfrência, localizada no quadrado de ligação dos braços da cruz, que encerra em si umas pequenas vergonteas (espécie de coroa não fechada) de louro, que cercam uma miniatura de duas espadas antigas, que desta vez apontam para Noroeste e Nordeste.

Os três modelos são em si exemplos primeiros da ideologia do regime. A primeira puramente Republicana, de desenho limpo, sólido, quase que herdeiro de toques de cavalheiresca joelharia das Antigas ordens Militares Portuguesas monárquicas, a fim de ela própria ser factor de prestigio daquilo a que se destinava e de prestigio para a jovem Republica. A segunda, legislada em 1946 reafirmava o carácter Cristão do regime, a legitimação histórica dos grandes feitos do passado evocado exaustivamente pelo Estado Novo, e até atrevo-me dizer que o seu desenho menos cuidado e mais tosco, em qualquer um dos cunhos conhecidos, poderia deixar transparecer uma certa ligação à ruralidade predominante nas sociedades civis e militares do império.
Por fim a terceira: legislada em 1971, em plena Primavera Marcelista, em teórica abertura do Regime, de desenho mais marcial e espartano, menos religioso e histórico, de maior valorização do militar e do seu propósito à altura, de defesa do Império, e com uma inovação; dá-se a introdução do colar para gravata da 1ª classe da MDC.
Quanto à patine e aos materiais de confecção; nesta cruz a patine deveria ser quase negra, como é aqui apresentada neste exemplar de 1ª classe, mais escura até da do modelo de 1917, que por sua vez já era mais escura do que a sua sucessora de 1946. Cunhada em bronze, latão e não sei que mais, tenho dela 4 cunhos diferentes e não sei se mais existiram. Mas dos cunhos falarei adiante.
Aproveito para relembrar um dos meus primeiros posts, onde aqui vos deixei a minha primeira série completa que nos dá uma perspectiva de todas as classes do modelo de 1971, mas que usa à semelhança da MDC de 1946 uma suspensão de argola.
Aproveito igualmente para apontar o que certamente já poderam notar; dei hoje inicio à introdução de links pelo meio do texto para melhor nos orientarmos e redirecionarmos sempre que possivél para auxiliares de complementariedade à compreensão do texto.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Medalha da cruz de guerra 1917 / 1922



Em 1922, 5 anos após o nascimento da medalha da cruz de guerra, o Capitão Olimpio de Melo lega-nos uma das mais belas e bem cuidadas obras faleristicas de que há memória no velho continente.
O livro Ordens Militares Portuguesas e outras Condecorações é, tudo o que, 90 anos depois da sua edição, um estudante destas lides quer que seja: uma boa fonte de conhecimento e pesquisa, com toda a legislação em vigor à data e boas ilustrações em forma de cromolitografias, o que em combinado fazem deste livro, ele próprio um objecto de luxo histórico em qualquer colecção faleristica.

Com excepcionais referencias à Cruz de Guerra, quer em imagens quer em legislação, é obviamente para mim um gosto te-lo comigo.
Chegou esta manhã do Porto, da livraria Manuel dos Santos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Excepção ao tema de estudo;



Será com certeza uma excepção.

Maria A. H. Gomes, 27-08-1922/ 06-01-2012; filha de uma numerosa família de vida humilde e muito trabalho, cedo saiu da terra que a viu nascer para servir a outras famílias não tão humildes. Tinha 9 anos.
É-me impossivél e não o faria de qualquer forma, reproduzir quase noventa anos da sua história, da nossa (de Portugal) história.
Deixou-me ontem, há algumas horas atrás... era e será sempre minha avó, mulher a quem muito devo e continuarei a dever.
Este blog não é uma página de diário pessoal, mas como expliquei nos meus 1ºs dois posts, é à minha velha avó que devo o interesse na História e em particular no objecto que estudo e aqui partilho convosco.

Deixo-vos mais uma vez este poema da cruz de guerra que, desde pequeno o sei e a ela o devo. Deixo também uma canção das trincheiras da Flandres, que através da minha querida avó oiço e conheço, tendo-a ela aprendido na sua escola primária ainda nos anos de êxtase pela vitória Aliada na Grande Guerra pela Civilização.

La Madelon, à vouz tous : http://www.youtube.com/watch?v=pZPoAvKSWG0

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Óscar Monteiro Torres; Herói da Cruz de Guerra




Início hoje uma pequena linha de apontamentos biográficos sobre grandes personalidades da nossa história e da história internacional ligadas à medalha da Cruz de Guerra.

O Capitão Piloto-Aviador Óscar Monteiro Torres, (Luanda, província de Angola 26 de Março de 1889/ 20 de Novembro 1917 Laon, França) é na história Portuguesa figura maior para a memória colectiva e para os feitos de armas, por ter sido o primeiro, e até agora único, piloto de combate Luso a tombar contra uma aeronave inimiga.

Desde tenra idade na formação das lides militares, ingressa no Real Colégio Militar e na Escola do Exército na arma de cavalaria para mais tarde voltar a Angola onde, em 1915 é chamado por Norton de Matos para formar junto de António Maya e Alberto Lello Portela um grupo de militares portugueses responsáveis pelo alavancar de um corpo de aviação militar em Portugal.

A defesa do ideal Republicano e a opinião de que Portugal deveria perfilar junto dos aliados na defesa das democracias contra as potências centrais, vão leva-lo a acentar praça em Soissons na Esquadrilha SPA 65 , conhecida como Esquadrilha Soissons em homnagem à vila que a recebia .

Tendo terminado o seu curso de piloto-aviador de caça em Hendon e em Northold na Grã-Bretanha, nas escolas do Royal Flying Corps, antecessor da Royal Air Force, com nota final de curso de 20 valores, Oscar Torres foi recebido com grande entusiasmo junto da restante esquadrilha, tornando-se não só um nome muito acarinhado junto dos soldados aliados como numa lenda do Corpo Expedicionário Português.

Naquela que foi a sua ultima "saída",a 19 de Novembro de 1917, ao cockpit do seu SPAD S.VII, nº S7C1, 4268, o nosso capitão após duro e valente combate, consegue abater dois biplanos: um Halberstadt e um Fokker Alemães; para logo em seguida ser abatido pelo piloto Alemão Rudolf Windisch da esquadrilha de caças Fokker, Jasta 32.
O combate é travado entre Chemin des Dames e Laon, acabando o seu biplano por se despenhar no Sector Alemão.
Tendo sido prontamente recolhido pelas forças Alemãs e posto sobre observação a´pós intervenções Hospitalares, o Capitão Piloto-Aviador Oscar Torres viria a falecer na manhã seguinte.
Diz-se que o seu SPAD foi usado postomamente pelo seu captor, o piloto Alemão Rudolf Windisch, para combate nos céus da frente.
Depois de merecidas exéquias fúnebres em Laon no dia da sua morte, o seu corpo voltará a Portugal para ser entregue à terra a 22 de Junho de 1930. Repousa no Alto de São João em Lisboa.

Pelos seus feitos em combate e heroicidade é condecorado com a Legião de Honra, com a Croix de Guerre, com o colar da Torre e Espada e claro, com a Medalha da Cruz de Guerra de 1ª Classe.

Bibliografia:
Cardoso, Edgar Pereira da Costa; História da Força Aérea Portuguesa.
http://www.momentosdehistoria.com/MH_05_03_03_Exercito.htm