quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Os cigarros John Player, e a "Portugal War Cross"




Fundada em 1870, a tabaqueira Britânica John Player é ainda hoje uma das mais conhecidas e históricas marcas de cigarros Europeia.
Quando os fósforos eram a principal e mais barata forma de acender um cigarro, era comum as carteiras de fósforos serem elegantemente decoradas de forma a se constituírem como itens coleccionáveis para gerações.
Assim, neste meu último post antes do última comemoração do dia da Independência de 1640 como dia feriado, resolvi identificar e dar-vos a conhecer um pouco da imagem de fundo deste blog.
Como é usual para as grandes marcas da indústria civil, em tempo de guerra, acontece uma natural transformação e adaptação ao mercado bélico de forma a se tornarem consumivéis em mercados que não são habitualmente a sua esfera.
Assim a John Player & Sons, lança em finais da "Grande Guerra pela Civilização", uma colecção de 40 cartas com as principais medalhas e ordens honorificas dos países aliados, que podiam vir em carteiras de fósforos ou em pequenos maços de tabaco.


Um desenho muito cuidado e de grande qualidade, aliás como qualquer outra carta desta colecção, mostra a cruz de guerra de 1917 com um tipo de suspensão nada vulgar que só pode ser justificada de uma forma: para a ilustração foi usado não o modelo oficial instituído pela republica portuguesa, mas sim uma adaptação da passadeira ao estilo Inglês que a usava de forma rectangular na suspensão da insígnia.
Numa das mais famosas casas de comércio de medalhas do Reino Unido, foi divulgada uma imagem de uma insígnia da Cruz de Guerra de fabrico Francês com uma suspensão de tipo igual ao da carta.
Cunhada em bronze, de dimensões milimetricamente superiores ao modelo oficial Português e de cinzelar um pouco mais rude, construida em três peças (corpo e dois circulos soldados para o escudo e para a efigie) é no entanto um dos mais belos exemplares que existem da nossa War Cross, Croix de Guerre (Cruz de Guerra) cunhada nas terras do país dos grandes combates pela civilização.


A meia hora do 1º de Dezembro, permitam-me um grito; "Viva os conjurados de 1640, Viva a Liberdade, Viva a Independência Nacional, Viva Portugal!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011


A Medalha da Cruz de Guerra de 1917 em papel...
A minha vida em cima da mesa, como a larga maioria dos agraciados com a MCG de 1917 nunca tiveram um diploma tão bonito quanto o que aqui apresento.
Começo por dizer que não é justo que partilhe convosco tão belo documento num estado em que não se possa compreende-lo por completo. Desfigurado como está não vos permito que o compreendam, mas peço-vos que compreendam, todos nós que estudamos faleristica sabemos o quão fácil é falsificar ou reproduzir documentação faleristica.

Não estando completo, é mostra suficiente de uma imagem do diploma da MCG de 1917, que julgo ser única no suporte online, em português.
Sobreviveram muito poucos. Dos mais de dois milhares e meio de Cruzes de Guerra atribuídas entre todas as classes a cidadãos nacionais e estrangeiros no período da sua instauração até ao Golpe de Estado de 28 de Maio, os diplomas que nos teram chegado não são muitos.
Aqui fica um deles.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O modelo de 1917 da Cruz de Guerra em envelope




















Com fundação no Decreto nº 2870 de 30 de Novembro de 1916 e regulamentada no ano seguinte a 26 de Julho de 1917 pelo Decreto 3249 nasce aquela que é a mais conhecida, sofrida, merecida e acarinhada de todas as medalhas militares Portuguesas.
O exemplar que aqui vos deixo é sem duvida merecedor de toda a minha estima e atenção.

Pouco sei da sua história, mas ainda assim sei o suficiente mesmo que não o partilhe convosco. Quanto mais não seja para guardar para mim algum do prazer de a ter comigo, visto que a vocês leitores já é dado o prazer em ver tão dois belos e históricos objectos.
Semana e meia depois do 93º aniversário do armistico que confere a Vitória aos países aliados na Grande Guerra pela civilização, quero partilhar convosco este belo exemplar da Medalha da Cruz de Guerra em envelope  de atribuição ao agraciado.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A Roseta da Cruz de Guerra

















Dentro da Medalha da Cruz de Guerra para atribuição individual podemos contar quatro elementos faleristicos, a saber: A insígnia, a miniatura da insígnia, a miniatura da passadeira e a roseta.
Todas elas com a sua especificidade, também a saber: a 1ª para solenidades militares, desfiles etc; a 2ª para grandes solenidades militares e civis para grande uniforme e fraque; a 3ª para o uso do uniforme militar de passeio e de serviço regular e por fim a 4ª deve ser usada quando representar a mais alta condecoração recebida pelo usuário sobre a casaca civil em ocasiões diversas de menor solenidade que as referidas para o 2º item desta lista. Mas sobre isto, postarei o decreto lei que regula a atribuição e uso da medalha militar.

Aqui vos deixo a roseta de 1ª classe da MCG.

Com 3mm de altura e 18mm de diâmetro tendo ao centro a miniatura de 1ª classe, esta é a roseta de 1ª classe. Para a de 2ª altera-se para a miniatura respectiva e diminui-se o diâmetro para 15mm, para a de 3ª o mesmo com diâmetro de 13mm e para a de 4ª o mesmo com diâmetro de 11mm.
Se por ventura o Estado Português copiasse os usos e costumes dos grandes pares Europeus, as medalhas militares deveriam ser atribuídas em estojo fechado com com os 4 elementos faleristos já mencionados e respectivo diploma.
Em Portugal, e tenho por crer que isto é tão válido para oficiais Generais como para Praças, reunir estes elementos fica na esmagadora maioria das vezes a encargo do galardoado que, já terá passado pelo embaraço de ter como "diploma" uma singela menção na ordem do Batalhão, da Companhia ou noutra superior.

Em guerra ou ocasiões de extrema abnegação em prole dos outros, tenho por crer que os homens não cometem actos de heroicidade a pensar nas medalhas que irão receber, porém já que foram indicados para as receber, que o façam com a honra e dignidade merecida.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cruz de Guerra de 1946





















Um breve apontamento histórico, uma fantasia phaleristica ou não, um pouco de informação e mais uma medalha da minha colecção.

Entre 1936 e 1939, para lá da nossa fronteira, deu-se o prelúdio ensaísta da 2ª Grande Guerra.
O governo português de então, adverso aos ideais Republicanos Espanhóis e da Revolução Bolchevique, cedo simpatizou e apoiou ainda que informalmente os golpistas nacionalistas dirigidos por figuras como a de José António Primo de Rivera e a de Francisco Franco.
Foram milhares os Portugueses que partiram de suas casa para se alistarem ao lado nacionalista ou para informalmente ou formalmente apoiarem a causa anti-comunista. Foram também muitos os portugueses que lutaram do lado da república, mas sobre estes é, infelizmente, muito pouco o que se sabe.

Começa aqui o percurso em parte fantasioso, da participação Portuguesa na guerra civil espanhola. Dos milhares que partiram, sendo os números variavéis entre os 6 e os 20 mil, muito se diz e conta sem haver muita certeza da informação que se faz circular.
Nunca houve uma Legião Viriato, muito menos um corpo autónomo legitimado pelo Governo Português ao serviço dos nacionalistas.
Houve sim um grupo observador, com algumas participações em campanha e muitos actos singulares de heroicidade, como os casos dos "Viriatos do Ar", mas sempre na dependência da estrutura nacionalista. Nunca como força expedicionária ou corpo de exército.
A fantasia maior é afirmar, como muitos o fazem, que a alteração à Medalha da Cruz de Guerra de 1946 foi legislada para condecorar os bravos Viriatos que se destacaram no conflito.
Se durante o conflito alguns Viriatos foram condecorados com a medalha da cruz de guerra, teriam sido certamente com a de 1917, pois era a única existente e se alguns foram condecorados depois do conflito, será de estranhar que só em 1946, 7 anos depois do final da contenda o Governo Português se dignasse a condecorar os "delfins do Estado Novo".
O outro grande argumento é o facto histórico da derrota militar e politica do Nazi-Fascismo por toda a Europa, sendo mais uma vez de estranhar que durante um período de esforço diplomático para legitimar o Estado Novo e afasta-lo da ideologia derrotada, e mesmo pesando o quadro da aliança Ibérica de amizade e de não ingerência no conflito Europeu, o Governo Português fosse refundar uma medalha militar para galardoar militares que defenderam a ideologia derrotada contrária à dos Aliados vencedores.

Mas os ultimos dois parágrafos não passam de expeculação, um vez que durante a Guerra Civil Espanhol de 1936 / 1939, não foram autorgadas Cruzes de Guerra (Portuguesas) a nenhum homem ou mulger de qualquer um dos lados ou de qualquer nacionalidade. É tão claro como isto.

Os factos;
Depois de um desenho puramente Republicano e legitimado pelo seu tempo, decidiu o Governo de Salazar, redesenhar e reformular a medalha militar.
A Cruz de Guerra não foi excepção à regra. O anverso que mostrava no modelo de 1917 a esfinge da Republica com o seu barrete frigio, mostra-nos agora o desenho da esfera armilar de D. Manuel I, encimada por uma cruz e baseada num besante, e o reverso que mostrava a esfera armilar da bandeira Republicana é agora substituído por uma janela Gótica quadrobolar com duas espadas antigas cruzadas com pontas orientadas para Sudeste e Sudoeste, em memória dos que tombaram na costrução de Portugal, sobrepostas a um Padrão, simbolo de um Portugal pluri.continental.
Continuava a dividir-se em 4 classes, representadas por miniaturas perfeitas de Cruzes Templárias de inspiração politica nas recriações históricas medievais do Estado Novo para os centenários da década de 40. A fita mantinha-se inalterada.

F
oi esta a cruz que destuinguiu os heróis da guerra do Ultramar durante os seus primeiros 10 anos, tendo sido substituída pelo modelo de 1971.

domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre a Cruz de Guerra de 1917






















Não conheço mais de seis cunhos desta medalha da Cruz de Guerra. Pelo menos a julgar pelos modelos que já vi ou tenho e pelas imagens que circulam online e noutros suportes físicos e literários.
Parte destes modelos, que podem variar em detalhes na esfinge da República, no escudo ou na esfera armilar, no seu diâmetro, corte ou espessura, na sua suspensão ou ainda no metal no qual foram cunhados, teram sido encomendados a fabricantes no estrangeiro ou a fabricantes nacionais para corresponderem a pequenas encomendas ou mesmo a encomendas a titulo pessoal, para satisfazerem pedidos que pretendiam substituir as medalhas perdidas, extraviadas, confiscadas, ou simplesmente não entregues a quem de direito pelos mais variados motivos.

Muitas vezes na faleristica damos connosco a chamar falsificações ou reproduções a peças que não o são. Muitas vezes é a falta de informação e a falta de provas concretas da sua história que nos leva a dizer alguns disparates.
A peça apresentada é uma medalha da cruz de guerra de 1917 cunhada pela histórica casa Lisboeta, Frederico da Costa, herdeira da J. A. da Costa.
Cunhada em Cobre, tratada a enxofre, apresenta demasiada espessura e alguma falta de delicadeza nos detalhes de escultura. Contraria assim o modelo mais conhecido da nossa Cruz de Guerra, talvez de cunho original na casa da moeda por encomenda governamental, cunhada em Cobre ou Bronze, patinada, de belo acabamento, suave, bem esculpida, leve, pura.

A fita de suspensão é da maior qualidade alguma vez vista por mim neste tipo de medalhas. Tecida em seda pura é esventrada por finíssimos fios de metal que lhe confere uma extraordinária rigidez e simultânea flexibilidade.

Optei por não lhe colocar qualquer tipo de rotulo, sabendo contudo, não tratar-se de uma peça original  do seu tempo, do tempo da sua fundação. Pois o que aqui me importa é a raridade faleristica da insígnia e não a sua importância histórica enquanto Medalha da Cruz de Guerra, atribuida.

Tentei saber a idade do cunho, ou porque foi feito, mas não obtive nada de cncreto para poder aqui partilhar.