segunda-feira, 23 de maio de 2011

Parafraseando José Afonso, o nosso Zeca, "Já minha avó me dizia..."



 


"Quando vieram dizer á pobre mãe
Que seu filho tinha morrido lá na guerra
Ela ajoelhou a tremer sentindo bem
O desgosto mais dorido que há na terra

Trouxeram-lhe a cruz de guerra que seu filho
Como valente soldado merecera
E sobre ela a mãe poisou um olhar sem brilho
Recordando o filho amado que perdera

A cruz de guerra pegou como quem sente
Um reconforto divino que sonhara
Com ternura a colocou serenamente
No berço em que pequenino o embalara

Pobre mãe, santa do céu em pleno inferno
Pôs-se a embalar o berço e a dizer
Dorme dorme filho meu o sono eterno
Como eterna é a minha dôr de te perder

E a pobre mãe rematou neste contraste
Dorme dorme o sono eterno filho meu
Por causa da cruz de guerra que ganhaste
Quantas mães estão chorando como eu."
A medalha da cruz de guerra é por via deste poema, que descobri recentemente que também é cantado num fado de Lisboa, parte do meu imaginário de infância. Posso dizer sem qualquer falta de rigor que foi a minha velha avó de 89 anos que com este poema me incutiu a vontade de descobrir o que era isto afinal da cruz de guerra...

imagem: As mães, as viúvas, as filhas, acompanham os últimos passos dos que tombaram na Flandres e em África. Quadro de Sousa Lopes patente no Museu de Artilharia de Lisboa

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