Um breve apontamento histórico, uma fantasia phaleristica ou não, um pouco de informação e mais uma medalha da minha colecção.
Entre 1936 e 1939, para lá da nossa fronteira, deu-se o prelúdio ensaísta da 2ª Grande Guerra.
O governo português de então, adverso aos ideais Republicanos Espanhóis e da Revolução Bolchevique, cedo simpatizou e apoiou ainda que informalmente os golpistas nacionalistas dirigidos por figuras como a de José António Primo de Rivera e a de Francisco Franco.
Foram milhares os Portugueses que partiram de suas casa para se alistarem ao lado nacionalista ou para informalmente ou formalmente apoiarem a causa anti-comunista. Foram também muitos os portugueses que lutaram do lado da república, mas sobre estes é, infelizmente, muito pouco o que se sabe.
Começa aqui o percurso em parte fantasioso, da participação Portuguesa na guerra civil espanhola. Dos milhares que partiram, sendo os números variavéis entre os 6 e os 20 mil, muito se diz e conta sem haver muita certeza da informação que se faz circular.
Nunca houve uma Legião Viriato, muito menos um corpo autónomo legitimado pelo Governo Português ao serviço dos nacionalistas.
Houve sim um grupo observador, com algumas participações em campanha e muitos actos singulares de heroicidade, como os casos dos "Viriatos do Ar", mas sempre na dependência da estrutura nacionalista. Nunca como força expedicionária ou corpo de exército.
A fantasia maior é afirmar, como muitos o fazem, que a alteração à Medalha da Cruz de Guerra de 1946 foi legislada para condecorar os bravos Viriatos que se destacaram no conflito.
Se durante o conflito alguns Viriatos foram condecorados com a medalha da cruz de guerra, teriam sido certamente com a de 1917, pois era a única existente e se alguns foram condecorados depois do conflito, será de estranhar que só em 1946, 7 anos depois do final da contenda o Governo Português se dignasse a condecorar os "delfins do Estado Novo".
O outro grande argumento é o facto histórico da derrota militar e politica do Nazi-Fascismo por toda a Europa, sendo mais uma vez de estranhar que durante um período de esforço diplomático para legitimar o Estado Novo e afasta-lo da ideologia derrotada, e mesmo pesando o quadro da aliança Ibérica de amizade e de não ingerência no conflito Europeu, o Governo Português fosse refundar uma medalha militar para galardoar militares que defenderam a ideologia derrotada contrária à dos Aliados vencedores.
Mas os ultimos dois parágrafos não passam de expeculação, um vez que durante a Guerra Civil Espanhol de 1936 / 1939, não foram autorgadas Cruzes de Guerra (Portuguesas) a nenhum homem ou mulger de qualquer um dos lados ou de qualquer nacionalidade. É tão claro como isto.
Os factos;
Depois de um desenho puramente Republicano e legitimado pelo seu tempo, decidiu o Governo de Salazar, redesenhar e reformular a medalha militar.
A Cruz de Guerra não foi excepção à regra. O anverso que mostrava no modelo de 1917 a esfinge da Republica com o seu barrete frigio, mostra-nos agora o desenho da esfera armilar de D. Manuel I, encimada por uma cruz e baseada num besante, e o reverso que mostrava a esfera armilar da bandeira Republicana é agora substituído por uma janela Gótica quadrobolar com duas espadas antigas cruzadas com pontas orientadas para Sudeste e Sudoeste, em memória dos que tombaram na costrução de Portugal, sobrepostas a um Padrão, simbolo de um Portugal pluri.continental.
Continuava a dividir-se em 4 classes, representadas por miniaturas perfeitas de Cruzes Templárias de inspiração politica nas recriações históricas medievais do Estado Novo para os centenários da década de 40. A fita mantinha-se inalterada.
Foi esta a cruz que destuinguiu os heróis da guerra do Ultramar durante os seus primeiros 10 anos, tendo sido substituída pelo modelo de 1971.
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