quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Cruz de Guerra 1971





Em 1971, a três anos do fim do regime e numa época de maior pacificidade das frentes de batalha no Ultramar, mas ainda de grande rigor para os que nela se entregavam às agruras da peleja, achou por bem o Governos de Marcello Caetano, calculo que por iniciativa dos ministérios da Defesa Nacional e do Ultramar, legislar de novo sobre a Medalha da Cruz de Guerra.

Continuando a dividir-se em quatro classes, factor que a par do desenho e cores da fita de suspensão,e, da manutenção da cruz templária como insígnia da MDC, são as únicas constantes ao longo da sua história, o novo desenho é radicalmente diferente da sua antecessora.
Em primeiro lugar voltamos a um tipo de suspensão igual ao modelo de 1917 , um tipo de suspensão que caracterizo como muito português e de bom gosto e certa originalidade, ficando no meio termo entre o estilo de argola Francês e o estilo recto Britânico, em segundo e mais visível, passamos a ter uma cruz milimétricamente mais pequena em diâmetro, de traço de rebordo mais saliente (assim como toda a escultura da medalha) mais espessa, e por fim, de braços mais largos.
Quanto ao anverso há uma permanência do desenho base, a esfera armilar de D. Manuel encimada de um cruz e baseada num besante, já quanto ao reverso dá-se uma profunda alteração de desenho; as espadas antigas em aspas (cruzadas) com um escudo das quinas e a repetição da cruz, (ver modelo de 1946) cedem agora lugar a uma circunfrência, localizada no quadrado de ligação dos braços da cruz, que encerra em si umas pequenas vergonteas (espécie de coroa não fechada) de louro, que cercam uma miniatura de duas espadas antigas, que desta vez apontam para Noroeste e Nordeste.

Os três modelos são em si exemplos primeiros da ideologia do regime. A primeira puramente Republicana, de desenho limpo, sólido, quase que herdeiro de toques de cavalheiresca joelharia das Antigas ordens Militares Portuguesas monárquicas, a fim de ela própria ser factor de prestigio daquilo a que se destinava e de prestigio para a jovem Republica. A segunda, legislada em 1946 reafirmava o carácter Cristão do regime, a legitimação histórica dos grandes feitos do passado evocado exaustivamente pelo Estado Novo, e até atrevo-me dizer que o seu desenho menos cuidado e mais tosco, em qualquer um dos cunhos conhecidos, poderia deixar transparecer uma certa ligação à ruralidade predominante nas sociedades civis e militares do império.
Por fim a terceira: legislada em 1971, em plena Primavera Marcelista, em teórica abertura do Regime, de desenho mais marcial e espartano, menos religioso e histórico, de maior valorização do militar e do seu propósito à altura, de defesa do Império, e com uma inovação; dá-se a introdução do colar para gravata da 1ª classe da MDC.
Quanto à patine e aos materiais de confecção; nesta cruz a patine deveria ser quase negra, como é aqui apresentada neste exemplar de 1ª classe, mais escura até da do modelo de 1917, que por sua vez já era mais escura do que a sua sucessora de 1946. Cunhada em bronze, latão e não sei que mais, tenho dela 4 cunhos diferentes e não sei se mais existiram. Mas dos cunhos falarei adiante.
Aproveito para relembrar um dos meus primeiros posts, onde aqui vos deixei a minha primeira série completa que nos dá uma perspectiva de todas as classes do modelo de 1971, mas que usa à semelhança da MDC de 1946 uma suspensão de argola.
Aproveito igualmente para apontar o que certamente já poderam notar; dei hoje inicio à introdução de links pelo meio do texto para melhor nos orientarmos e redirecionarmos sempre que possivél para auxiliares de complementariedade à compreensão do texto.

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